Uma maré humana chegou nesta sexta-feira à planície de Mina, próximo a Meca, na Arábia Saudita. Cerca de 2,5 milhões de muçulmanos iniciaram seus rituais da peregrinação anual.
Os peregrinos devem passar a noite em uma floresta de tendas brancas instaladas nesta planície árida, antes de irem para o Monte Arafat no sábado, local onde o profeta Maomé fez seu discurso chamado de "despedida". "Para mim, é um milagre. Eu sempre sonhei em completar a peregrinação, meu sonho se realizou", disse Salaheddine Mohammed, um nigeriano de 67 anos.
A peregrinação a Meca, terra sagrada do Islã, é um dos cinco pilares da religião e todos os seus fiéis são obrigados a cumprir pelo menos uma vez na vida, se tiver condições.
A parada no Monte Arafat é dedicada às orações e é o auge da peregrinação. À pé ou em ônibus, os peregrinos se encaminham para Mina desde a manhã desta sexta-feira. Milhares de policiais foram destacados para canalizar o fluxo de fiéis e levá-los para suas respectivas barracas, numeradas de acordo com o país de origem.
Além disso, o metrô de Meca, inaugurado parcialmente no ano passado e que faz a ligação entre os três locais sagrados: Mina, Arafat e Muzdalifa, terceira etapa dos peregrinos, funciona em sua plena capacidade e pode transportar 72.000 pessoas por hora, reduzindo os engarrafamentos. "Apenas os peregrinos vindos do interior da Arábia Saudita, de países do Golfo e 200.000 fiéis de países da Ásia poderão utilizar o metrô este ano", declarou à AFP o diretor do projeto, Fahd Abu Tarbuch.
Ambulâncias e clínicas móveis foram posicionadas ao longo do percurso. Nenhuma doença contagiosa foi detectada, afirmou o ministro da Saúde saudita, Abdallah al-Rabiaa. As equipes médicas contam ao todo com 20 mil pessoas.
As forças de segurança e a Defesa Civil mobilizaram até o momento 100 mil homens para assegurar o bom andamento do hajj, a maior aglomeração humana do mundo.
As autoridades aumentaram o número de câmeras de segurança para evitar incidentes, principalmente os pisoteamentos. A última peregrinação ocorreu sem nenhum incidente.
A meteorologia previu bom tempo para todos os dias. As chuvas torrenciais, que poderiam inundar as tendas, são uma grande preocupação para os organizadores.
No plano da segurança, os peregrinos iranianos devem realizar no sábado a tradicional manifestação anti-americana, que suscita de temor entre as autoridades.
Segundo Teerã, esta manifestação será realizada, como no ano passado, no acampamento dos 97.000 peregrinos iranianos que, segundo o representante do Guia espiritual Ali Khamenei, Ali Ghazi Asghar, vão "se concentrar na unidade islâmica".
Desde a Revolução Uslâmica de 1979, as forças sauditas entram em confronto com os peregrinos iranianos, acusados de transformar o hajj em uma tribuna política anti-israelense, anti-americana e hostil ao regime saudita.
O incidente mais grave deixou 402 mortos, entre eles 275 iranianos, em 1987, e provocou a ruptura das relações entre Riad e Teerã por muitos anos.