Cardeal reclama de sermões insossos e cansativos
Gianfranco Ravasi afirmou que é necessário que os padres acompanhem as mudanças das comunicações
Os sermões feitos por padres católicos tornaram-se "incolores, inodoros e sem sabor", denunciou nesta sexta-feira o cardeal Gianfranco Ravasi, ministro da Cultura do Vaticano, pedindo a eles que não temam dizer palavras que perturbem, questionem e causem preocupação.
O cardeal falou sobre o assunto durante um ciclo de conferências organizado em Roma pelo Instituto francês - Centro São Luís, aberto na quinta-feira na Universidade dos Jesuítas, a Gregoriana. A prédica nas Igrejas está quase se tornando insignificante", lamentou.
O cardeal italiano convidou os sacerdotes a levarem em conta as novas linguagens para atrair a atenção dos fiéis, além de não temerem o "escândalo" causado pelas palavras da Bíblia. "Devemos reencontrar esta dimensão da Palavra que ofende, que inquieta, que julga", afirmou o prelado. É preciso notar que a Bíblia pode "preocupar e, às vezes, desconcerta" o que, segundo ele, é "indispensável".
O cardeal também convidou os padres a acompanharem a "revolução na comunicação". "A informação transmitida pela televisão e a informática, explicou o ministro da Cultura do Vaticano, demanda ser incisivo, recorrer ao essencial, à cor, à narração". A comunicação pode passar também pelo Twitter, o que "obriga a transmitir alguma coisa fulgurante, essencial", recomendou o prelado que envia ele mesmo mensagens diárias no Twitter.
As críticas de Monsenhor Ravasi a homilias 'mornas" dos padres e a vontade de encontrar uma linguagem adaptada ao mundo moderno representam uma preocupação do Papa Bento XVI de revitalizar a mensagem do cristianismo, numa época de descristinização em massa.