Cerca de mil manifestantes do Ocupe Wall Street celebraram nesta quinta-feira o segundo mês de vida de seu movimento com uma passeata próximo à Bolsa de Nova York, onde foram registradas mais de 100 detenções após incidentes com funcionários do centro financeiro e da polícia.
O protesto faz parte de uma "Jornada de Ação Global" anunciada no site occupywallst.org, com manifestações previstas em outras cidades dos Estados Unidos, assim como em Bélgica, Alemanha, Itália, Nigéria, Polônia e Espanha.
Em Nova York, a passeata foi iniciada no Parque Zuccotti, onde foram montadas inicialmente as barracas do movimento no sul de Manhattan e de onde os manifestantes foram desalojados pela polícia na madrugada de terça-feira.
Amontoados contra as barreiras policiais, manifestantes chegaram a brigar com homens vestidos de terno que tentavam de abrir passagem para chegar ao trabalho no distrito financeiro. "Wall Street está fechada!", bradavam os ativistas de braços dados, bloqueando o acesso à bolsa para protestar contra a cobiça e a corrupção.
Embora Wall Street tenha aberto em seu horário habitual de 09h30 locais (12h30 de Brasília), os manifestantes conseguiram tumultuar durante 45 minutos o acesso ao local. A polícia interveio abrindo passagem para escoltar os corretores da bolsa e outros funcionários.
"Mais de cem pessoas foram presas", disse uma porta-voz da polícia, após os incidentes. Durante a manhã, o grupo clamava vitória e pelo menos um policial nova-iorquino parecia dar razão aos manifestantes. "Bloquearam tudo. Isto é o que acontece por terem tirado eles do parque: mexeram em um vespeiro", disse este policial que não quis revelar sua identidade.
Os protestos anteriores do Ocupe Wall Street foram tensos, mas em sua maioria pacíficos, com a polícia utilizando uma extensa rede de barreiras metálicas para encurralar os manifestantes e impedi-los de chegar à sede de Wall Street. Nesta ocasião, a polícia montada também foi mobilizada nas imediações da bolsa.
A jornada para celebrar o segundo mês de existência do Ocupe Wall Street inclui mobilizações em vários pontos de Nova York, entre eles a tradicional Ponte do Brooklyn e estações do metrô.
"Queremos fazer com que nossa voz seja ouvida e compartilhar nossa frustração", disse Mark Bray, um porta-voz do movimento, assegurando que os manifestantes deveriam ser "milhares" à tarde, quando receberam o reforço dos sindicatos. Antes do início da passeata, os ativistas se cumprimentavam e se davam "feliz aniversário" uns aos outros.
Depois do desmantelamento do acampamento na noite de segunda para terça-feira, o Parque Zuccotti foi cercado com barreiras de metal e vigiado por um grande contingente de policiais e agentes de segurança do proprietário do local, a Brookfield Properties.
Apesar de o acesso ao parque ter sido reaberto ao público, suas regras, que proíbem deitar e entrar com barracas de camping e sacos de dormir, agora são estritamente aplicadas.