Dezenas de milhares de kuwaitianos saíram às ruas nesta segunda-feira à noite em resposta a uma convocação da oposição para celebrar a demissão do governo e pedir a dissolução do Parlamento. Os manifestantes agitavam bandeiras aos gritos de: "o Parlamento tem que se dissolver".
A oposição havia convocado inicialmente o protesto para pedir a demissão do governo, dirigido pelo xeque Nasser Mohammed al Ahmad Al Sabah, um membro da família real, por um caso de corrupção. Mas o governo apresentou sua demissão na segunda-feira à tarde e o emir, xeque Sabah al Ahmad Al Sabah, aceitou. Os organizadores estimaram em 90.000 o número de participantes da manifestação, o que a torna a maior de toda a história do Kuwait, cuja população nativa está estimada em 1,2 milhão de pessoas. "A demissão do gabinete não é suficiente. O Parlamento tem que se dissolver e os deputados corruptos serem levados à Justiça", afirmou o parlamentar islamita Mohammed Hayef diante da multidão que o aclamava. O emir aceitou a demissão do governo do xeque Nasser, de 71 anos, um de seus sobrinhos, e lhe pediu que seguisse à frente dos assuntos correntes. Desde que foi nomeado à liderança do governo em fevereiro de 2006, o xeque Nasser realizou sete demissões por divergências no Parlamento, o qual foi dissolvido três vezes pelo emir. No momento se desconhece se o emir tem a intenção de nomear novamente o xeque Nassar à frente do executivo. A oposição reclama a dissolução do Parlamento e a celebração de eleições antecipadas. "Hoje marca uma vitória para o povo kuwaitiano em sua luta contra corrupção", afirmou o deputado da oposição Jaman al Harbash aos manifestantes. Um representante de 26 grupos de jovens e estudantes, Abdel Rahman al Qashan, pediu por sua vez que o primeiro-ministro seja julgado, assim como 15 membros de seu governo. Os oradores também pediram ao emir que coloque fim às lutas entre os membros da família real dos Al Sabah, no poder há 250 anos. "Alteza, as disputas no seio da família reinante constituem uma ameaça para o Kuwait", disse o deputado independente Saifi al Saifi.