O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, mostrou nesta quinta-feira sua determinação em reprimir duramente os extremistas judeus autores de abusos contra os palestinos e os soldados, mas recusou-se a chamá-los de "terroristas".
No entanto, a imprensa israelense mostrou seu cepticismo. Enquanto o jornal Haaretz (esquerda) ressaltou que a legislação atual seria suficiente se as autoridades quisessem aplicá-la, o diário de grande circulação Yediot Aharonot revelou que 91% das investigações contra extremistas de direita não foram concluídas desde 2005. Uma mesquita na localidade palestina de Burka, próxima a Ramallah, na Cisjordânia, foi incendiada na madrugada desta quinta-feira por pessoas não identificadas, informou à AFP o prefeito Abdelkader Abdelgalil. Uma outra mesquita foi alvo de vândalos na madrugada de quarta-feira em Jerusalém Oriental. Desconhecidos picharam o templo com frases anti-árabes, como "Árabe bom é árabe morto", e anti-muçulmanas. As autoridades israelenses quiseram mostrar sua determinação em combater judeus extremistas. Soldados e policiais destruíram na madrugada desta quinta-feira uma caravana e um abrigo de animais na colônia Mitzpe Yitzhar, reduto dos colonos mais extremistas no norte da Cisjordânia. Com medo de confrontos, a polícia enviou centenas de homens e declarou a região ao redor da colônia selvagem como "zona militar fechada". Depois da intervenção do exército, os colonos começaram a reconstruir o que foi destruído, disse a rádio militar. Cerca de cinquenta extremistas invadiram na madrugada de terça-feira uma base israelense na Cisjordânia e atiraram pedras contra os oficiais, uma provocação de gravidade sem precedentes contra o exército. Para acabar com esta campanha de agressões, Benjamin Netanyahu anunciou na noite de quarta-feira que os autores das agressões contra os militares serão julgados pelo Tribunal Militar. Contudo, Netanyahu se recusou a chamar estes judeus de "terroristas", como recomendou o ministro da Justiça, Yaakov Neeman, e o ministro da Segurança Pública, Yitzhak Aharonovich. Em contrapartida, a líder da oposição centrista Tzipi Livni criticou o primeiro-ministro, acusando-o de "se recusar a condenar essa tentativa de crime ideológico para esconder a ligação que tem com o governo (...) Israel é cada vez mais extremista e religioso com rabinos extremistas que dão o tom", denunciou Livni. Até agora, os adeptos da política colonial conhecida como "preço a pagar", que consiste em se vingar dos palestinos por meio de ataques contra os locais de culto muçulmano e dos soldados israelenses por todas as ações tomadas pelo governo que não são aceitas pelos colonos, continuaram impunes.