A fabricante francesa de próteses mamárias PIP foi alvo de diversas denúncias nos Estados Unidos, onde a empresa Heritage Worldwide comercializou os implantes até o ano 2000, segundo documentos divulgados nesta segunda-feira no site da autoridade dos mercados capitais americana (SEC). A Heritage Worldwide, registrada no estado de Delaware (leste dos Estados Unidos), "e suas filiais desenham, fabricam e comercializam implantes mamários em todo o mundo", afirma o último relatório trimestral da companhia, de fevereiro de 2009. "Deixamos de vender no mercado americano em maio de 2000, após uma mudança de regulamentação da FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos americana)", que suspendeu as próteses de silicone, afirma a mesma fonte.
Em maio de 2000, "o mercado americano representava 4 milhões de dólares, ou seja, 40% de nosso volume de negócios", informa o documento. Na época, as finanças da empresa decaíram e a partir de 2007 a companhia passou a acumular perdas.
Os denunciantes "buscam obter indenização por perdas e danos em um montante não especificado", afirma o documento. As denúncias tornaram-se acusações coletivas formais em 2005, mas foram indeferidas uma atrás da outra até 2010.
A partir de 2003, a PIP foi também denunciada por dezenas de mulheres que portavam implantes mamários dessa marca, especialmente em Illinois (norte) e Texas (sul), mas até o início de 2009, nenhuma das queixas foi alvo de um processo judicial.
A empresa PIP, fundada em 1991, em Seyne-sur-Mer, chegou a produzir 100 mil próteses por ano, como terceira maior empresa mundial do ramo, e exportava quase 84% de sua produção. No dia 23 de dezembro, o governo francês recomendou a retirada "de forma preventiva" das próteses mamárias da marca PIP de cerca de 30 mil mulheres na França, embora tenha esclarecido que não há provas de que estes implantes - que foram exportados a diversos países da Europa e da América Latina, inclusive ao Brasil - aumentem os riscos de câncer.
Cerca de 30 mil mulheres na França implantaram próteses mamárias da marca PIP. Algumas delas foram preenchidas com um gel de silicone impróprio para o uso medicinal, o que provoca um aumento do risco de ruptura e vazamento do envelope da prótese, de acordo com o governo francês.