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Estado de Minas

Dois anos após terremoto, o Haiti mal começou a reconstrução

Muitos haitianos quase não acreditam nas promessas da classe política


postado em 12/01/2012 10:26 / atualizado em 12/01/2012 10:36

O Palácio Presidencial em ruínas, a catedral e escolas devastadas, assim como incontáveis residências: a destruição de Porto Príncipe ainda é visível, uma prova de que dois anos depois do terremoto, a reconstrução do Haiti ainda não começou.

É preciso se dirigir ao norte do país, à pequena cidade de Limonade, destruída pela catástrofe, para encontrar uma única obra pública erguida após o terremoto que matou mais de 200 mil pessoas em 12 de janeiro de 2010: um campus universitário oferecido pela vizinha República Dominicana.

Três planos de reconstrução do centro de Porto Príncipe, um deles preparado pela Fundação do Príncipe Charles, ainda esperam nas gavetas. "Vamos fazer uma fusão das diferentes propostas e propor uma versão final da reconstrução do centro da capital", assegurou à AFP Arry Adams, chefe da nova autoridade responsável pela reconstrução.

As diversas crises características do país mais pobre das Américas, agitadas eleições e uma longa transição governamental não facilitaram a execução dos projetos, para maior prejuízo do meio milhão de desabrigados que ainda aguardam instalados em acampamentos "provisórios". "É necessária uma verdadeira política para fazer a reconstrução avançar", afirma o prefeito da capital, Jean Yves Jason, que percebe uma maior vontade do lado do novo presidente Michel Martelly, no poder desde maio, que a demonstrada pela equipe do governo anterior de René Préval.

O primeiro-ministro Garry Conille acaba de decretar 2012 como "o ano da reconstrução", com a esperança de retirar os cinco milhões de metros cúbicos de escombros que ainda cobrem as ruas da capital. "Vamos lançar a reconstrução de cerca de vinte edifícios públicos e de mais de 3 mil casas sociais", anunciou o chefe do governo, afirmando, no entanto, que para realizar estes projetos é preciso contar com "os recursos financeiros da comunidade internacional e com a capacidade dos haitianos de trabalhar em conjunto". "Vou retirá-los destas barracas, vocês retornarão aos seus bairros em condições dignas. O que outros não puderam fazer em 20 meses, eu vou fazer em três meses", prometeu o presidente Martelly em um discurso dirigido a uma multidão de refugiados em frente às ruínas de seu palácio presidencial.

Martelly, que inaugurou um projeto de reabilitação de vários bairros da cidade, comemora por ter tido sucesso ao evacuar espaços públicos convertidos em refúgios após oferecer um prêmio de 500 dólares por família para que alugassem uma casa.

Mas os afetados quase não acreditam nas promessas da classe política. "Estamos no Haiti, onde são feitas muitas promessas, muitas vezes sem que sejam cumpridas", disse Erole Nelson, um vendedor de cópias de CD, sentado a poucos metros do palácio diante do qual se encontra instalado desde o terremoto.

Na comunidade internacional, a impaciência também é palpável.

"Os progressos da reconstrução estão longe de serem satisfatórios. A reconstrução caminha devagar por questões administrativas", criticou o parlamentar europeu Michèle Striffler, que se pergunta sobre a eficácia da comissão interina para a reconstrução do Haiti, copresidida pelo ex-presidente americano Bill Clinton.


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