"Era de noite, estávamos assustados, mas tivemos a sorte de estarmos perto da terra", contou Jose Rodriguez à AFP, um barman de Honduras, ainda vestindo seu colete salva-vidas.
Apontado par dois de seus companheiros, este funcionário de 43 anos, que trabalha há 14 anos para o proprietário do Costa Crociere (Costa Cruzeiros), acrescentou: "Graças a Deus estamos todos seguros."
Muitos sobreviventes idosos, ainda de pijama, eram ajudados por membros da tripulação.
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Com a chegada de um novo ferry que transportava cerca de 300 pessoas, o jornalista da AFP viu uma mulher ser levada rapidamente em maca para uma ambulância.
Muitos salva-vidas, membros da guarda costeira, bombeiros e da Defesa Civil, ajudavam os sobreviventes distribuindo cobertores térmicos.
A Defesa Civil montou uma grande tenda em que os náufragos são identificados antes de serem levados por um ônibus para hotéis da região.
O embaixador da França em Roma, Alain Le Roy, chegou ao local neste sábado e disse que entre "os 460 franceses a bordo, três ficaram levemente feridos e uma mulher contou que seu marido, de 70 anos, caiu na água".
"Estamos satisfeitos com a assistência que as pessoas receberam", declarou o embaixador, reconhecendo que dentro do navio tudo é "mais complicado".
Os 3 mil turistas, um terço de italianos e o resto de estrangeiros, entre os quais, muitos brasileiros, estavam no início de um cruzeiro de uma semana pelo Mediterrâneo a bordo do Costa Concordia, um navio gigante com quatro piscinas, restaurantes e dezenas de bares.
Mondal Mithu, um indiano de 26 anos, gerente de um dos restaurantes, estava com os olhos vermelhos pelo sono e os ombros protegidos por um cobertor, mas contou: "Ouvimos o navio bater nas rochas, mas o alarme foi dado após cerca de uma hora".
Segundo ele, em sua área, "só havia um barco salva-vidas para 150 passageiros".
Outros passageiros, como a jornalista Mara Parmegiani, descreveram "cenas de pânico dignas do Titanic", com disputas entre os passageiros, gritos e lágrimas.
Para o canal de televisão Sky TG24, ela denunciou o despreparo da tripulação, dizendo que "os funcionários não estavam de maneira nenhuma adaptados, e que houve problemas quando os botes foram colocados no mar e o comandante (do seu) teve de ser substituído". A jornalista relatou ainda que alguns coletes salva-vidas "não funcionaram, assim como as luzes de emergência".
Sobre as causas ainda misteriosas do naufrágio e quanto à presença do navio tão perto da costa, um comandante de um navio mercante, Giancarlo Fanni, considerou que "tudo é possível: um erro dos equipamentos eletrônicos, do leme ou um erro humano".
A capitania do porto de Livorno, o maior da Toscana, anunciou a abertura de uma investigação sobre a causa do acidente e como os passageiros foram resgatados.