A Itália, atingida por uma crise de dívida, entrou formalmente em recessão no final de 2011 e se prepara para um 2012 sombrio, marcado pela austeridade.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país, terceira maior economia da zona do euro, registrou um queda de 0,7% no quarto trimestre, que se somou à queda de 0,2% no trimestre anterior, informou nesta quarta-feira o Instituto Italiano de Estatísticas (ISTAT). O retrocesso no quarto trimestre significa a entrada oficial na recessão, definida por uma queda do PIB durante três trimestres consecutivos. O país já esteve em recessão em 2009 com uma baixa do PIB de 5,1%. Os economistas não se preparam para um retrocesso tão acentuado no quarto trimestre. Para os economistas, a contração da economia se deu pela baixa demanda devido ao peso das drásticas medidas de ajuste decididas no final do ano passado e pelo freio do crescimento em todo o mundo, o que afeta um setor estratégico, o de exportações. "Não há condições para que o consumo se erga e o desemprego está alcançando um nível recorde", comentou Chiara Corsa, economista do banco UniCredit, à AFP. "Os italianos começaram a economizar mais graças às medidas de austeridade para 2012", afirma Fabio Fois do Barclays Capital. Atacada pela especulação financeira devido à sua colossal dívida pública (cerca de 120% do seu PIB), a Itália aplica desde 2010 uma série de planos de ajuste com a finalidade de acalmar os investidores, o que tem reduzido a atividade econômica e provocado um aumento da pressão fiscal. O governo liderado desde novembro do ano passado pelo tecnocrata Mario Monti aprovou em dezembro um pacote de medidas com o objetivo de alcançar o equilíbrio esperado em 2013. A crise da dívida também repercutiu nos bancos e nas empresas e afeta o sistema financeiro, como explicado Chiara Costa. Tudo indica que 2012 será difícil para a Itália, diz Costa, mesmo que o governo de Monti tenha prometido agarrar "o touro pelos chifres" e reorientar a economia italiana. Embora o governo calcule que o PIB irá cair 0,4% este ano, o Banco da Itália estima uma queda de 1,2 a 1,5% e o Fundo Monetário Internacional (FMI) espera 2,2%, o que instaura ainda mais o clima sombrio. Uma enorme recessão na Europa, onde vivem centenas de milhões de ricos consumidores, poderia comprometer a recuperação dos EUA e brecaria os mercados emergentes. Junto aos planos de austeridade, Monti adotou um amplo plano para liberalizar a economia e negocia com os sindicatos uma reforma trabalhista que estimule o crescimento. "É preciso esperar de três a cinco anos para ver os resultados das medidas", reconheceu o vice-ministro da Economia, Vittorio Grilli, há duas semanas.