De Bruxelas a Atenas, passando por Paris, Lisboa e Madri, trabalhadores europeus protestaram nesta quarta-feira contra a política de austeridade, convoados pela Confederação Europeia de Sindicatos (CES), que com a consigna "Basta!" convocou um dia de mobilização em todo o continente.
Em Bruxelas, cerca de 200 representantes de sindicatos belgas, franceses, alemães, austríacos e gregos reuniram-se diante da sede do Conselho Europeu, onde a cúpula será realizada.
Aos gritos de "menos cortes, mais educação", milhares de estudantes secundaristas e universitários protestaram nesta quarta-feira em toda a Espanha contra os cortes em educação, em manifestações marcadas pela violência em Barcelona.
Em Barcelona, 25.000 estudantes segundo a polícia, 70.000 segundo os organizadores, protestaram para denunciar "o calote social" provocado pelos cortes orçamentários destinados a lutar contra a crise.
Os incidentes deixaram 12 feridos leves, entre eles sete policiais, e a prisão de 12 pessoas, duas das quais menores de idade, afirmaram as autoridades.
"Não pagaremos seu calote" e "vamos salvar a universidade pública", proclamavam dois grandes cartazes que abriam o cortejo.
Quando a passeata chegou na altura da bolsa, um grupo começou a lançar objetos contra o edifício e a polícia, que os dispersou e promoveu várias prisões.
Um grupo de jovens, alguns com os rostos cobertos, quebrou portas de vidro de um banco e colocou fogo em cestos de lixo e outros mobiliários urbanos.
Os estudantes protestavam também contra a violência policial ocorrida em manifestações anteriores.
Em Valência (leste), uma manifestação de estudantes acabou em 20 de fevereiro com uma repressão policial que resultou em dezenas de detidos e vários feridos, com imagens que comoveram o país.
"Fazem cortes na escola pública. Não nos dão trabalho e quando protestamos democraticamente, nos reprimem com total impunidade", disse à AFP o secretário-geral da união nacional de estudantes, Tohil Delgado, denunciando que em Valência "mais de 65 institutos sofrem cortes de calefação e eletricidade".
Os estudantes haviam convocado manifestações em cerca de 40 cidades do país para protestar contra as medidas de austeridade do novo governo conservador, que busca combater um déficit que em 2011 alcançou 8,51% do PIB, muito acima dos 6% previstos.
Estudantes e sindicatos protestavam também contra a reforma trabalhista estabelecida para tentar criar emprego em um país com desemprego recorde de 22,85%.
Convocados pelos sindicatos Comissões Operárias e União Geral dos Trabalhadores, cerca de 1 mil pessoas se reuniram no fim da tarde na praça central Porta do Sol em Madri, em torno de um enorme cartaz que dizia: "abaixo a reforma trabalhista e os cortes. Greve geral".
Na França, milhares de trabalhadores protestaram e movimentos limitados de greve prejudicaram alguns voos.
Em Marselha (sudeste), entre 2.700 manifestantes, segundo a polícia, e 10.000 segundo os sindicatos, protestaram no velho porto.
Em Paris, 15.000 pessoas protestaram, segundo o sindicato CGT, e 8.700 segundo a polícia. A manifestação na capital francesa foi liderada por uma bandeira com o lema: "em toda a Europa, basta, existem alternativas para o emprego e a justiça social".
Em Atenas, houve manifestações simbólicas em frente aos escritórios da Comissão Europeia e junto à Acrópole. Cerca de 1 mil manifestantes se reuniram na praça Syntagma em frente ao Parlamento para assistir a um show ao ar livre contra a austeridade.
Na Bélgica, dezenas de manifestantes lançaram em um rio de Lieja (sudeste) imagens do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e da chanceler alemã, Angela Merkel.
Em Portugal, centenas de pessoas protestaram em Oporto (norte) e depois cerca de 500 em Lisboa, convocados pela principal confederação sindical do país, a CGTP.
Nenhuma manifestação ocorreu na Itália, onde estava prevista uma gureve de transportes públicos para quinta-feira.