Jornal Estado de Minas

Khamenei pede ao Irã que vote em disputa conservadora

AFP
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou nesta sexta-feira que é um dever patriótico dos eleitores comparecerem às urnas nas eleições parlamentares que acontecem hoje, para enviar uma mensagem de união durante um "período sensível" durante a disputa entre o Irã e o Ocidente a respeito do programa nuclear iraniano. Os iranianos elegem os 290 deputados do Parlamento e os resultados deverão ser divulgados no sábado. Com os líderes reformistas e da oposição em prisão domiciliar ou na cadeia, as eleições viraram uma disputa dentro da linha dura, entre os ultraconservadores, liderados por Khamenei, e os conservadores menos religiosos, chefiados pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, que entrou em choque político com o líder supremo várias vezes no ano passado.
No total 48 milhões de eleitores estão habitados a votar. Essa é a primeira votação de âmbito nacional desde 2009, que reelegeu Ahmadinejad e provocou protestos generalizados da oposição, que apontou fraude no pleito. Após os protestos, o governo partiu para uma repressão sangrenta. Observadores internacionais não foram autorizados pelas autoridades a entrar no país. O governo está determinado a mostrar a grande afluência às urnas como um sinal de apoio popular ao regime.

Nas eleições parlamentares de 2004 e 2008, a participação do eleitorado ficou em 51% e 57% do total, respectivamente. A agência de notícias paraestatal Fars previu um comparecimento de 65% do eleitorado nesta sexta-feira.

Mohsen Rezaei, rival ultraconservador de Ahmadinejad nas eleições presidenciais de 2009, previu que "ninguém terá uma maioria" no novo Parlamento. O ex-presidente Hashemi Rafsanjani, também um rival de Ahmadinejad, disse que um "bom Parlamento" emergirá das urnas "se os votos forem contados corretamente". "Se Alá (Deus) quiser, o resultado que sairá das urnas será o que o povo quer", disse.

O voto através do Irã - das margens do Mar Cáspio, no Azerbaijão iraniano, passando pelas montanhas centrais até o Golfo Pérsico, também colocou em evidência a devastação que a repressão após 2009 provocou na oposição, após três anos de prisões, torturas e execuções. Apenas um punhado de candidatos considerados progressistas está entre os 3.440 políticos que disputam uma cadeira no Parlamento - nenhum deles têm ligações com o Movimento Verde, que liderou os protestos de rua contra Ahmadinejad após o presidente ter sido reeleito, sob acusações de fraude, em junho de 2009.

Alguns blocos ultraconservadores no Parlamento concorrem para mostrar lealdade total a Khamenei e tirarem mais poderes de Ahmadinejad, que cumpre o segundo ano de governo do seu segundo mandato de quatro anos, o máximo permitido pela Constituição da república islâmica.

Já os partidários de Ahmadinejad esperam dar ao presidente uma vitória política e uma chance de tentar fazer o seu sucessor nas próximas eleições presidenciais.

Khamenei, que tem a palavra final em todos os assuntos de governo e religião no Irã, disse que era um "dever e um direito" de cada iraniano votar nesta sexta-feira. Ele disse que o Irã está se movendo para um "período mais sensível" nas suas confrontações com o Ocidente e Israel, por causa do programa nuclear iraniano. Mas Khamenei não fez referência ao programa nuclear nesta sexta.

"Por causa das controvérsias sobre o Irã e as crescentes ameaças verbais...as pessoas precisam ir às urnas, para o bem do país", disse o líder supremo, quando votava. "Quanto maior for o comparecimento (às urnas) melhor será para o futuro, o prestígio e a segurança do Irã" ele disse. "A eleição também carrega uma mensagem para nossos amigos e nossos inimigos".