Jornal Estado de Minas

Estudantes retomam protestos e confrontos voltam a Santiago

AFP
Estudantes jogaram pedras e enfrentaram as tropas de choque nas ruas de Santiago - Foto: CLAUDIO SANTANA / AFP
Estudantes chilenos voltaram a entrar em confronto com a polícia nesta quinta-feira em Santiago, ao retomar as manifestações por uma educação pública gratuita e de qualidade, que no ano passado duraram mais de sete meses, uma dor de cabeça constante para o governo.
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Cerca de 5 mil estudantes, convocados pela Assembleia Coordenadora de Estudantes Secundários (Aces), se reuniram no Parque Bustamante para o primeiro protesto estudantil do ano.

Logo depois de terem se reunido, a polícia dissolveu a manifestação, que não tinha sido autorizada pela Intendência de Santiago.

Forças especiais da polícia lançaram jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Um grupo de policiais montados a cavalo também interveio nos enfrentamentos, constatou a AFP.

Os estudantes lançaram paus, pedras e garrafas na polícia. Alguns, com suas cabeças cobertas com capuzes, conseguiram também interromper por alguns minutos o trânsito na avenida Alameda, depois de terem cometido vandalismo e de terem montado barricadas incendiárias.

Os enfrentamentos se estenderam por mais de três horas, causaram 50 detenções e deixaram três policiais feridos, um deles gravemente, segundo as primeiras informações oficiais.

"Nós nos perguntamos até quando; até quando se insiste em mobilizações estéreis, fora da lei e que só protegem delinquentes, que prejudicam e agridem milhões de moradores de Santiago", criticou a intendente (governadora) de Santiago, Cecilia Pérez.

No ano passado, os estudantes protagonizaram mais de 40 protestos em Santiago, sendo que alguns deles foram os maiores das últimas duas décadas, reunindo mais de 100 mil pessoas, causando grande dor de cabeça para o governo do direitista Sebastián Piñera, cuja popularidade caiu ao longo do ano cerca de 30 pontos.

Vários organismos internacionais têm criticado o excessivo uso da força por parte da polícia para reprimir as manifestações. Em agosto, durante uma manifestação noturna, um adolescente morreu atingido por um tiro disparado por um policial. Além disso, 15 jornalistas e fotógrafos estrangeiros foram detidos quando cobriam os protestos.

Os estudantes, apoiados pelos professores, reivindicam uma educação pública gratuita e de qualidade, e exigem a reforma do atual sistema educacional, herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que reduziu a menos da metade a participação pública e fomentou a inclusão dos centros privados.

Eles consideram que o governo de Piñera não deu uma resposta adequada às suas demandas com o envio ao Congresso de um projeto de lei para reduzir os juros de um crédito privado que os universitários usam para pagar suas taxas e reprogramar as dívidas atrasadas. O presidente apresentou, além disso, uma iniciativa para melhorar o salário dos professores com base em seu desempenho.

A Confederação de Estudantes do Chile (Confech), que reúne as principais universidades do país, não aderiu à manifestação desta quinta-feira.