Jornal Estado de Minas

Indígenas reúnem-se em Quito após protesto contra governo equatoriano

AFP
Cerca de 2.000 indígenas equatorianos, apoiados por setores da oposição, ocuparam nesta quinta-feira o parque El Arbolito, no centro moderno de Quito, aonde chegaram após caminhar 700 km durante 15 dias para protestar contra o governo, constatou a AFP.
Os indígenas, que partiram da cidade mineira de El Pangui (sudeste) em 8 de março em rejeição à mineração em grande escala e para exigir uma lei sobre o controle da água e reforma agrária, encheram pacificamente o local que poucas horas antes tinha sido ocupado por simpatizantes do presidente socialista Rafael Correa.

"É uma verdadeira festa democrática", disse o titular da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Humberto Cholango, durante um encontro realizado em meio a uma forte chuva que não afugentou os manifestantes.

"Aqui estamos com dignidade, aqui está um povo que está dizendo 'não' à mineração e que não seja governado com os partidos de direita", completou o líder diante de indígenas com o rosto pintado, adornados com plumas, e alguns com lanças de madeira.

O líder da Conaie (que convocou a marcha) afirmou que o governo tentou bloquear o avanço do protesto com a presença de policiais e militares durante o percurso, mas que a ação não teve sucesso e os manifestantes chegaram a Quito como tinham previsto.

Disse que mais tarde os manifestantes irão à sede do Legislativo, cujo presidente, o governista Fernando Cordero, convidou seus líderes para dialogar.

Os indígenas reuniram-se no parque El Arbolito provenientes de comunidades do norte andino, assim como de oito províncias do sul (inclusive fronteiriças com o Peru), por onde os caminhantes avançaram, alguns trechos a pé e outros em veículos.

Nesse mesmo local, Correa cumprimentou mais cedo centenas de seguidores que se instalaram dias antes para "defender a democracia" e que depois se dirigiram à praça da Independência, em frente à residência presidencial.

O chefe de Estado, no poder desde janeiro de 2007, chamou seus partidários a se concentrar em Quito frente ao que chamou de planos desestabilizadores da oposição antes das eleições de fevereiro de 2013.

Os indígenas asseguram representar cerca de 30% da população equatoriana (de 14,5 milhões de habitantes), mas o censo de 2010 determinou que apenas 7% se reconheceu como tal.