Jornal Estado de Minas

Combates perdem intensidade na Líbia, tribo denuncia 'massacre'

AFP
Os confrontos registrados na segunda e na terça-feira entre tubus e outras tribos na cidade líbia de Sebha (sul), perderam intensidade nesta quarta-feira, segundo autoridades locais, enquanto os tubus se dizem cercados e denunciam um "massacre".
"Ainda há confrontos, mas de menor intensidade. O Exército nacional, assim como um comitê de sábios entraram na cidade com o objetivo de abrir para uma trégua", indicou à AFP Abdelmajid Seif al-Nasser, ex-representante de Sebha no Conselho Nacional de Transição (CNT, no poder).

Seif al-Nasser havia anunciado na terça-feira a sua demissão para denunciar a "incapacidade" das autoridades.

Uma força composta por ex-rebeldes chegou na véspera à região para tentar mediar negociações entre os dois clãs, indicou o chefe desta força, o coronel Wanis Boukhmada.

No hospital de Sebha, o registro era de um morto e de sete feridos nesta quarta à tarde, segundo o médico Abdelrahman Arich.

Arich acrescentou que 42 pessoas foram mortas na segunda e na terça-feira, além de 129 feridos. Esse registro leva em conta apenas as vítimas das tribos árabes de Sebha que combatem membros armados da tribo dos tubus.

Em Sebha, os tubus que vivem principalmente nos bairros Tayouri e Al-Hijara, afirmaram nesta quarta-feira que estavam "cercados" pelas tribos árabes da cidade que os bombardeiam "sem parar desde a manhã", deixando vários mortos entre os civis.

"O bairro Al-Hijara está cercado por todos os lados. Todas as (tribos) árabes estão contra nós. Eles nos bombardeiam com todos os tipos de foguetes sem distinção. É um verdadeiro massacre", denunciou Karima Jaber, funcionária do aeroporto de Sebha e moradora do bairro.

Salem Othman al-Tebawi, que se apresenta como um dos moradores do bairro de Tayouri, denunciou "intensos bombardeios", indicando mais de 30 mortos, incluindo crianças e mulheres, apenas nesta quarta.

Os tubus estão envolvidos desde fevereiro em confrontos com tribos locais do sul do país, principalmente em Kufra e em Sebha.

Eles denunciam um plano de "limpeza étnica" perpetrado pelas tribos árabes apoiadas, segundo eles, pelas autoridades, enquanto as tribos acusam os tubus de recorrerem a elementos estrangeiros armados.

Os tubus são negros e vivem entre a Líbia, o norte do Chade e o Níger.