Israel anunciou neste domingo a proibição para Günter Grass entrar em seu território, após a polêmica provocada pela publicação de um poema no qual o escritor alemão acusou o estado hebreu e seu arsenal atômico de ameaçar a paz mundial.
"O ministro do Interior, Elie Yishai, declarou Günter Grass 'persona non grata' em Israel", anunciou um comunicado do gabinete do ministro.
"O poema de Günter é uma tentativa de atiçar as chamas do ódio contra o Estado de Israel e contra o povo israelense", afirmou o ministro neste comunicado, três dias depois de o governo israelense qualificar o poema de "vergonhoso" e "lamentável".
"Se Günter quiser continuar disseminando suas obras deformadas e enganosas, o aconselho que o faça do Irã, onde encontrará um público que o apóia", acrescentou Yishai.
O poema, intitulado "O que deve ser dito", escrito em prosa e publicado no jornal alemão Süddeutsche Zeitung denunciou eventuais ataques israelenses contra instalações nucleares iranianas como um projeto que poderia levar "à erradicação do povo iraniano porque se suspeita que seus dirigentes constroem uma bomba atômica".
Os ocidentais temem uma possível dimensão militar ao programa nuclear iraniano, condenado por seis resoluções da ONU, e Israel ameaçou em várias ocasiões nos últimos meses atacar as instalações nucleares para impedir Teerã a se dotar de arma atômica.
Em 2006, o Nobel de Literatura de 1999, conhecido por sua posição esquerdista, admitiu ter feito parte, durante a juventude, das Waffen SS, unidade de elite do regime de Adolf Hitler, apesar das críticas que fez à Alemanha por seu passado nazista.