Conflitos que afetam a África desde o começo de 2012:
Guiné Bissau
Em Guiné Bissau, país cuja história é marcada por golpes de Estado e violência política, o Exército deteve na quinta-feira o presidente interino Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. Os militares atacaram a residência deste, tomaram a rádio nacional e cercaram a cidade. A União Africana (UA) condenou "o inadmissível" golpe de Estado em curso, que ocorre poucos dias antes das eleições presidenciais de 29 de abril, nas quais Carlos Gomes Júnior é favorito.
Mali
No Mali, um golpe de Estado no fim de março contra o presidente Amadu Tumani Touré precipitou a crise no norte, que caiu há uma semana em mãos dos rebeldes tuaregues do Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA), e de grupos islamitas armados, o Ansar Dine em particular, apoiado pela Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), que já tem em seu poder vários reféns ocidentais.
Na quinta-feira, Dioncounda Traoré, ex-presidente da Assembleia Nacional, foi empossado presidente interino, em virtude de um acordo entre a junta e a Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste (CEDEAO). O presidente interino, que deve nomear um premier dotado de "plenos poderes", ameaçou com uma "guerra total e implacável" os rebeldes e grupos islamitas do norte.
Nigéria
Na Nigéria, que tem mais de 160 milhões de habitantes, entre eles muçulmanos (majoritários no norte) e cristãos (mais numerosos no sul), o grupo islamita Boko Haram realiza há vários meses sangrentos ataques, sobretudo no norte. Também é considerado responsável por vários assassinatos de policiais.
O Boko Haram também fez contatos com a AQMI e, segundo fontes coincidentes, por volta de cem de seus combatentes estão entre os islamitas presentes em Gao, no norte do Mali.
Sudão-Sudão do Sul
Desde o fim de março, os Exércitos de Cartum e Juba travam combates de uma proporção sem precedentes, com ataques aéreos, intervenções de tanques e artilharia pesada.
Os dois países, que se enfrentaram durante décadas em guerras civis (entre 1983-2005, que deixaram dois milhões de mortos), mantinham relações tensas desde a independência do sul, em julho de 2011. Suas disputas estão ligadas ao traçado da fronteira, a acusações recíprocas de apoio a movimentos rebeldes e à partilha dos ganhos do petróleo. O Sudão do Sul ficou com três quartos dos recursos petroleiros após a separação do território.
Depois que o Exército sul-sudanês se apoderou nos últimos dias do campo petroleiro de Heglig, que garante uma parte essencial da produção petrolífera do norte, Juba acusou Cartum de ter bombardeado uma cidade importante, Bentiu, capital do Estado sul-sudanês de Unidade.
Por fim, várias outras crises ou conflitos continuam sacudindo o continente, sobretudo na Somália, onde os islamitas shebab, movimento recentemente integrado à Al-Qaeda, combatem há anos contra o frágil governo de transição.