Jornal Estado de Minas

Museu italiano queima obras de arte para protestar contra cortes no orçamento

AFP
Antonio Manfredi quer colocar fogo em três obras de arte por semana como forma de protesto - Foto: ROBERTA BASILE / AFP O diretor do Museu de Arte Contemporânea de Casoria, perto de Nápoles (sul da Itália), começou nesta terça-feira a queimar peças em exposição, em protesto contra os cortes decretados pelo governo no orçamento da cultura. No final da tarde, o fundador e diretor do museu, Antonio Manfredi, pôs fogo a um trabalho da artista francesa Séverine Bourguignon, que tinha concordado antes com a forma do protesto. "As mil obras que expomos estão, de qualquer forma, destinadas à destruição, devido à indiferença do governo", explicou. Antonio Manfredi tem a intenção de atear fogo em três peças por semana, como parte da iniciativa que chamou de "Art war" (guerra da Arte). Exasperado com as ameaças da máfia e com a falta de iniciativa do governo para proteger o patrimônio italiano, escreveu no ano passado à chanceler alemã Angela Merkel para lhe pedir asilo. "A Alemanha é um dos únicos países que não cortaram o orçamento da cultura. O governo alemão concede muito dinheiro à pesquisa, não é como aqui", explicou à AFP. Para demonstrar a situação, ele chegou mesmo a hastear uma bandeira alemã na frente do museu. "Se o governo italiano deixa Pompeia desabar, que esperança pode ter o meu museu?", indagou, fazendo referência aos desmoronamentos nesse sítio histórico. Ele nunca recebeu resposta de Merkel, mas a galeria de arte marginal Tacheles, emblemática de Berlim, ofereceu a ele "asilo artístico" em maio de 2011, para apresentar obras sobre a máfia e sua infiltração na sociedade. O setor da cultura é um dos mais atingidos pelos planos de austeridade que se repetem na Itália. O ministério da Cultura anunciou, recentemente, a colocação sob tutela do Maxxi, museu de arte contemporânea de Roma, devido a suas dívidas. As subvenções concedidas a este museu tiveram um corte de 43% em relação a 2010, ano de sua inauguração triunfal. O Estado italiano dedica apenas 0,21% de seu orçamento à cultura, ao mesmo tempo que a península diz abrigar a metade do patrimônio cultural mundial.