O advogado leu para a imprensa um comunicado da líder opositora, que afirma ter sido vítima de atos de violência cometidos por funcionários do sistema penitenciário quando estava hospitalizada na semana passada.
Timoshenko foi internada na sexta-feira à noite em uma clínica de Kharkiv por dores nas costas. No domingo, depois que a ex-premier se recusou a receber um tratamento no hospital, ela foi levada de volta para a prisão. As autoridades afirmaram que a líder opositora havia aceitado a transferência.
"Três homens fortes se aproximaram, colocaram um lençol sobre minha cabeça e começaram a me tirar da cama à força. Com dor e desespero, me defendia como pude e recebi um golpe forte no ventre", afirma a nota de Timoshenko. "Amarraram minhas mãos e pés e me levaram para fora no lençol".
Um diretor adjunto da prisão negou qualquer ato de violência contra a ex-chefe de Governo e disse não saber se Timoshenko estava em greve de fome ou não.
Apesar de as autoridades terem negado a utilização da violência, o caso provocou a irritação da UE, cujas relações com a Ucrânia estão tensas pelo processo contra Timoshenko.
A Comissão Europeia pediu à Ucrânia para dar "explicações urgentes" sobre sua situação, segundo o porta-voz do comissário encarregado da ampliação.
O ministro alemão de Relações Exteriores, Guido Westerwelle, mostrou-se "profundamente preocupado com a saúde" de Timoshenko, e a Rússia pediu à Ucrânia dar mostras de "humanidade" com a opositora.
O procurador da região de Kharkiv, Guennadi Tiurin, confirmou que a opositora foi levada ao hospital pela força, mas negou ter recorrido à violência, em um encontro com a imprensa em Kharkiv.
"Foi levada no veículo", disse Tiurin. Em relação à violência, "suas afirmações não foram confirmadas", completou.
A opositora aceitou em um primeiro momento ser levada ao hospital, mas depois rejeitou essa oferta, fazendo com que os funcionários a levassem à força, afirmou o procurador.
Presa desde agosto, Timoshenko, 51 anos, foi condenado em outubro a sete anos de prisão por abuso de poder, por assinar em 2009 com a Rússia acordos de gás considerados prejudiciais ao país, quando era chefe de governo.
É julgada novamente, desde quinta-feira passada, desta vez por desvio de fundos públicos e fraude fiscal em 1997-1998 quando liderava o grupo Sistemas Energéticos Unidos da Ucrânia (SEUU). Seus crimes podem ser castigados com até 12 anos de prisão.
A opositora, uma dos líderes da Revolução Laranja de 2004, derrotada nas eleições presidenciais de 2010 pelo atual chefe de Estado, Viktor Yanukovitch, denuncia que se trata de uma vingança pessoal deste que, segundo ela, quer tirar sua principal adversária do cenário político.