Uma seleção de documentos apreendidos no complexo onde Osama bin Laden foi assassinado no ano passado mostra que o então líder da Al-Qaeda se preocupava com o mal funcionamento de sua rede terrorista e com a perda da confiança dos muçulmanos. Bin Laden esperava que os muçulmanos se incitassem contra seus governos e o Ocidente.
"Eu quero divulgar um comunicado dizendo que estamos iniciando uma nova fase para corrigir (os erros) que cometemos", escreveu Bin Laden em 2010. "Ao fazer isso, vamos recuperar, se Deus quiser, a confiança de um grande segmento dos que perderam a sua confiança nos jihadistas."
Até o fim, Bin Laden permaneceu focado em atacar norte-americanos e elaborando planos, embora improváveis, para assassinar líderes dos Estados Unidos. Ele tinha como alvo especial aviões que levassem o general David Petraeus e o presidente Barack Obama, afirmando que o assassinato colocaria Joe Biden, um vice "completamente despreparado", no cargo e que o país mergulharia numa crise.
Mas o relatório de um analista norte-americano, divulgado junto com a correspondência de Bin Laden, descreve o líder da Al-Qaeda irritado com a incapacidade dos grupos terroristas inspirados na Al-Qaeda de conquistar apoio para sua causa, suas fracassada campanhas de mídia e ataques mal planejados que, na visão de Bin Laden, mataram muitos muçulmanos inocentes.
O círculo interno de Bin Laden também ficou frustrado quando, em 2010, as atenções dos Estados Unidos se transferiram para a fraqueza da economia, sem aparentemente creditar à Al-Qaeda os danos econômicos que os terroristas haviam causado. "Toda a conversa política nos Estados Unidos são sobre economia, esquecendo ou ignorando a guerra e seu papel no enfraquecimento da economia", escreveu seu porta-voz, Adam Gadahn.
Os documentos originais em árabe e sua versão em inglês podem ser encontrados no endereço: https://www.ctc.usma.edu/posts/letters-from-abbottabad-bin-ladin-s idelined
As informações são da Associated Press.