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Estado de Minas

Presidente eleito da França não terá vida fácil


postado em 07/05/2012 10:08

Contatos imediatos com os dirigentes europeus, cúpulas, preparação do governo e das legislativas, estreita margem de manobra devido à crise: após sua eleição para a Presidência da França no domingo e a comemoração triunfal de seus partidários na Praça da Bastilha, François Hollande não terá uma vida fácil.

Eleito no domingo com 51,62% dos votos contra o presidente conservador Nicolas Sarkozy (48,38%), segundo os resultados definitivos anunciados nesta segunda-feira pelo Ministério do Interior, Hollande havia previsto esta realidade. "O tempo estará contado para mim", disse. "Não tenho período de carência, ou seja, todas as decisões que tomar precisarão ser justas e coerentes", acrescentou às vésperas da eleição.

Nesta segunda-feira, foi uma pessoa próxima, o deputado socialista Michel Sapin, que considerou que Hollande não terá uma vida fácil devido à situação "difícil do ponto de vista econômico".

Hollande, que assumirá a Presidência no dia 15 de maio, providenciará rapidamente contatos com os presidentes europeus para promover sua proposta de modificar o tratado fiscal europeu a fim de somar a ele um capítulo de apoio ao crescimento. "Hoje é preciso trabalhar, ainda que não tenha ocorrido transferência do poder", declarou nesta segunda-feira o próprio Hollande ao chegar ao seu quartel-general de campanha em Paris. "Disse que estava preparado. Agora preciso estar completamente", acrescentou, antes de iniciar uma reunião com seus principais conselheiros.

"Formação de uma equipe", "preparação de viagens internacionais": "é uma semana muito carregada", indicou seu diretor de campanha, Pierre Moscovici. "A Europa nos observa. No momento em que o resultado foi proclamado, estou certo de que em muitos países europeus se sentiu um alívio, uma esperança, a ideia de que, por fim, a austeridade não pode ser uma fatalidade", declarou Hollande no domingo em Tulle (centro) após ser eleito.

Pouco depois, diante de milhares de franceses que comemoraram sua vitória na histórica Praça da Bastilha de Paris, ele insistiu na dimensão europeia de seu projeto. "Em todas as capitais, além dos chefes de governo e dos chefes de Estado, há povos que, graças a nós, têm esperança, nos observam e querem acabar com a austeridade", disse.

No entanto, diante da crise que continua afetando a Europa, sua margem de manobra será estreita quando precisar conciliar suas promessas sociais, que envolvem novos gastos, e seu compromisso de sanear as finanças francesas com o objetivo de chegar ao equilíbrio orçamentário em 2017.

Em sua equipe, há o desejo da aplicação em nível europeu "muito rapidamente" de "ferramentas de estímulo ao crescimento por meio de investimentos e de emprego" para alcançar os objetivos orçamentários. "Se estes não forem alcançados, não será apenas aqui, e será então um problema europeu, e não francês", argumentam os socialistas.

Hollande indicou que sua primeira visita ao exterior será à Alemanha para se reunir com a chanceler Angela Markel. Ela telefonou para seu colega francês no domingo para felicitá-lo e convidá-lo a Berlim. Como ela, os outros dirigentes conservadores europeus, que evitaram se reunir com ele durante a campanha, o telefonaram para felicitá-lo.

Nesta segunda-feira, a chanceler alemã garantiu que o presidente eleito da França será recebido "com os braços abertos" durante a sua primeira visita a Berlim. "Trabalharemos bem juntos e de maneira intensiva", acrescentou Merkel em uma entrevista coletiva à imprensa na capital da Alemanha, na qual ressaltou que a "cooperação franco-alemã é essencial para a Europa".

O presidente americano, Barack Obama, convidou Hollande para uma reunião bilateral antes do G8, previsto para os dias 18 e 19 de maio nos Estados Unidos.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, felicitou calorosamente Hollande e lembrou em um comunicado que compartilha com ele a convicção de que é preciso investir no crescimento.

O presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, declarou nesta segunda-feira que conversará durante o dia com Hollande. "Minha obrigação é me entender com ele e tentar fazer coisas conjuntamente em benefício da Espanha, da França e da Europa", afirmou.

François Hollande também tem que se voltar imediatamente para a formação de seu novo governo, começando pela nomeação do primeiro-ministro, e a preparar as próximas legislativas de junho, que muitos abordam como um "terceiro turno".

Em seu discurso na Bastilha, Hollande convocou os franceses a darem a ele a maioria nestas eleições, previstas para os dias 10 e 17 de junho e nas quais será renovada a câmara baixa do Parlamento, atualmente dominada pelo partido de Sarkozy.

Pessoas próximas reiteraram nesta segunda-feira esta convocação para "confirmar e ampliar" a vitória da eleição presidencial, enquanto a direita já entra na campanha advertindo que, se os socialistas também vencerem nas legislativas, haverá uma excessiva concentração de poder na França.


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