As pressões internacionais cresceram nesta quarta-feira sobre Israel diante do agravamento do estado de saúde de alguns dos presos palestinos em greve de fome para protestar contra suas condições carcerárias.
Depois das declarações da União Europeia e da Cruz Vermelha na véspera, a França pediu nesta quarta-feira a Israel que, "por razões humanitárias", se mostre "sensível ao risco de um fim trágico e tome com urgência as medidas apropriadas".
Pelo menos um terço dos cerca de 4.700 prisioneiros palestinos em Israel estão atualmente em greve de fome, sete deles há mais de um mês e meio, segundo a administração penitenciária israelense, fontes oficiais palestinas e organizações humanitárias.
"Agora dizemos isso publicamente, o que não significa que não tenhamos dito antes, de forma bilateral, às autoridades israelenses, mas a gravidade da situação nos fez sentir que também era importante fazê-lo publicamente porque há um risco de morte", destacou à AFP uma porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Nadia Dibsy.
"Quando muitas pessoas iniciam uma greve de fome juntas, não é fácil para o CICV atender individualmente a todo mundo. Por outro lado, conseguimos fazer isso com quem têm a infelicidade de estar em um estado de saúde crítico", afirmou, explicando que "os presos em greve de fome há mais de 48 dias e até por 72 dias" têm prioridade.
Cinco deles "se negam desde ontem (terça-feira) a ser alimentados por via intravenosa e que a administração penitenciária os atenda", revelou à AFP um de seus advogados, Yamil al Jatib, que esteve com eles no hospital da prisão de Ramleh, próximo a Tel Aviv.
Neste contexto, dezenas de pessoas bloquearam esta quarta-feira os acessos aos escritórios da ONU em Ramallah, para pedir ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que interceda a favor dos presos palestinos em greve de fome em Israel.
Os manifestantes, que impediram os funcionários da ONU de entrar em seus escritórios, levavam cartazes em que se lia em inglês "UNfair" (injusto, fazendo um trocadilho com a sigla das Nações Unidas em inglês, UN).
"Observamos com decepção seu silêncio desde o começo deste movimento de protesto em dezembro de 2011", afirmaram os organizadores desta manifestação em uma carta aberta a Ban Ki-moon.
"Isso contrasta claramente com suas declarações contundentes e constantes de apoio ao soldado israelense prisioneiro Gilad Shalit", sequestrado pelo movimento islamista Hamas em Gaza durante cinco anos e libertado em outubro em troca de mil presos palestinos, acrescentaram os organizadores.
"Pedimos para adotar uma posição firme e forte contra a violação por parte de Israel dos direitos dos prisioneiros", acrescenta o texto.
Na terça-feira, o coordenador da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Robert Serry, pediu a "Israel para cumprir com suas obrigações em matéria de direito internacional" e a "todas as partes a encontrar uma solução antes que seja tarde demais".
Os movimentos islâmicos Hamas e Jihad Islâmica prometeram a Israel que farão represálias se algum dos presos morrer de greve de fome, enquanto os meios de comunicação israelenses consideram que os serviços de segurança se preparam para isto.