Jornal Estado de Minas

Sem imunidade ao deixar a Presidência, Sarkozy poderá enfrentar Justiça francesa

AFP
Ao deixar a Presidência da República da França, no dia 15 de junho, Nicolas Sarkozy poderá ter de enfrentar a Justiça do país, segundo analistas políticos. A imunidade dele como presidente acaba nessa data. A partir daí, Sarkozy poderá ser convocado como testemunha e até como réu em casos relacionados a financiamentos ilícitos de campanha e corrupção.
Na França, os processos mais rumorosos envolvem o chamado caso Karachi – sobre a venda de armas para o Paquistão e atentados na cidade paquistanesa de Karachi – no qual Sarkozy é citado como testemunha.

O juiz responsável pelo caso, Renaud Van Ruymbeke, aguarda mais detalhes sobre um esquema de corrupção na venda de fragatas e submarinos franceses ao Paquistão nos anos 1990. À época, Sarkozy era ministro do Planejamento do governo de Edouard Balladur.

Há ainda o processo aberto sobre suspeitas de financiamento ilegal para a campanha presidencial de 2007. Na ocasião, o tesoureiro da campanha, Eric Woerth, foi acusado de receber envelopes com doações não declaradas de Liliane Bettencourt, herdeira do grupo L’Oréal e uma das maiores fortunas da Europa. Sarkozy é suspeito de usar Woerth e de receber pessoalmente as doações em espécie na casa de Bettencourt.

A Justiça da França investiga também as denúncias do site Mediapart, que publicou documento assinado pelo ex-chefe do serviço de informação exterior da Líbia Mussa Kussa. O documento descreve um acordo para apoiar financeiramente a campanha eleitoral do então candidato Sarkozy.

Nas investigações preliminares, há indícios da proximidade entre o empresário líbio Ziad Takieddine e colaboradores de Sarkozy, como Claude Guéant (ministro do Interior), Jean-François Copé (secretário-geral do partido UMP) e Brice Hortefeux (ex-ministro da Imigração).

Em depoimento no começo de abril deste ano, Takieddine informou que tinha "boas relações com o coronel Kadhafi " e que mediou a aproximação diplomática da França com a Líbia. Ele disse que organizou viagens de ministros franceses para encontrar Kadhafi.

Em relação às acusações do site Mediapart, de jornalismo independente, Sarkozy abriu um processo por calúnia e difamação. O presidente francês nega ter recebido dinheiro líbio para a campanha e diz que as acusações são “grotescas”.