Indígenas bolivianos, que realizam uma passeata há um mês da Amazônia até La Paz em rejeição a uma estrada financiada pelo Brasil que atravessará um parque ecológico, pediram nesta sexta-feira ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, expor suas queixas na próxima assembleia do órgão na Bolívia.
Os indígenas, que já caminharam 50% do percurso de 600 km, fizeram uma carta a Insulza, que foi entregue no escritório da Organizações de Estados Americanos (OEA) na Bolívia, e divulgada pela rádio privada Erbol.
"Pedimos respeitosamente que recebam uma delegação da marcha no 42º Período de Sessões da OEA, a ser realizada de 3 a 5 de junho deste ano em Tiquipaya, cidade de Cochabamba (centro), com o objetivo de tratar os principais pontos de nossa plataforma de demandas, assim como as razões de nossa mobilização", diz a nota.
Os indígenas disseram que pretendem expor na reunião "os erros e violações aos direitos cometidos pelo governo boliviano em relação a nossas reivindicações".
Os nativos rejeitam uma estrada de 300 km que será construída através do território indígena Tipnis, no centro do país, de 1 milhão de hectares, uma via que conta com um crédito de 332 milhões de dólares do Brasil.
Eles afirmam que a estrada representa interesses do governo "com o setor cocaleiro, as empresas transnacionais de hidrocarbonetos e mineração e com a República Federativa do Brasil para deslocar as populações indígenas de seus territórios coletivos".