Os observadores das Nações Unidas chegaram nesta sexta-feira ao local onde um novo massacre deixou ao menos 55 mortos na Síria, em uma segunda tentativa do ocidente de pressionar a ONU por sanções contra Damasco.
O porta-voz da ONU, Martin Nesirky, informou aos jornalistas em Nova York que a missão conseguiu entrar em Al-Koubeir, mas não deu outras informações, um dia após terem sido alvo de tiros ao tentar entrar no vilarejo.
Ao menos 55 pessoas morreram na quarta-feira no ataque em Al-Koubeir, uma área rural sunita com cerca de 150 habitantes cercada por vilarejos alauítas na província de Hama, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
De acordo com informações preliminares, tropas sírias rondavam Al-Koubeir e milícias invadiram o local, matando civis com "barbaridade," disse o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon no Conselho de Segurança.
Damasco, no entanto, negou a responsabilidade e, como aconteceu em outros episódios, atribui o atentado a "terroristas", como se refere aos rebeldes.
Nesta sexta-feira, mais de 20 pessoas morreram, incluindo dois membros das forças de segurança, em explosões na cidade de Homs, em Idleb e na capital.
Segundo o OSDH, o número de mortos já passa de 13,500 desde o início do conflito, que lançou uma pesada luta contra o regime do contestado presidente sírio, Bashar al-Assad, em meados de março de 2011.
-- Pressão extra -- O ex-chefe da ONU Kofi Annan, autor do plano de paz para a Síria, pediu nesta sexta-feira que se aumente a pressão sobre o regime de Bashar al-Assad, em reunião inaugural com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, dentro de uma série de encontros realizados nos Estados Unidos.
O enviado para a Síria das Nações Unidas e da Liga Árabe disse que está discutindo a maneira de aumentar a pressão sobre o governo e as partes a fim de que o plano de paz seja aplicado.
Annan disse ainda que todos estão buscando uma solução, mas admitiu dúvidas sobre seu projeto, que estabelece um cessar-fogo e um diálogo para acabar com mais de um ano de violência sob o regime sírio.
"Alguns dizem que o plano estaria morto. O problema é o plano ou sua instrumentalização? Se for a implementação, como voltar ao caminho correto? E se for o plano, que outras opções temos?", questionou Annan.
"Essas perguntas são consideradas e estamos explorando como podemos trabalhar com outros governos da região e do mundo para alcançar nossos objetivos", concluiu ante os jornalistas.
Diplomatas britânicos, franceses e americanos disseram em Nova York que agirão rapidamente para entregar ao Conselho de Segurança uma resolução que aplique sanções à Síria.
"Haverá uma ação nos próximos dias para que uma nova resolução seja votada, que incluirá medidas do capítulo VII da Carta das Nações Unidas -- o que significa que serão sanções sérias," explicou um dos diplomatas.
O capítulo VII permite sanções e, em casos extremos, intervenção militar. Rússia e China, indignados com a campanha da OTAN na Líbia no ano passado, vetaram qualquer tipo de ação militar.
Os três membros permanentes ocidentais do Conselho de Segurança buscam uma nova campanha de sanções depois de Annan ter declarado na quinta-feira que a comunidade internacional deve alertar Assad sobre "consequências claras" se o presidente sírio não respeitar o plano de paz.
Em Moscou, o observador de Hillary Clinton, Fred Hof, se reuniu com diplomatas russos em uma tentativa de convencer a Rússia a apoiar a saída de Assad.
Contudo, o vice-ministro de Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, afirmou não ter nenhuma informação sobre uma mudança de liderança na Síria.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) advertiu para a situação "extremamente tensa" em várias regiões da Síria e afirmou que tentará enviar ajuda humanitária para 1,5 milhão de pessoas no país.