Um dia após serem impedidos supostamente pelas forças de segurança de Bashar Assad de investigar a veracidade dos relatos de um massacre de 78 pessoas na quarta-feira, perto de Hama, os observadores da ONU conseguiram chegar à vila de Mazraat al-Qubeir, onde se depararam com um cenário de destruição.
Em Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, confirmou o massacre após receber relatos dos monitores. O diplomata não acusou formalmente as forças de Assad, mas disse "haver pouca evidência de que o regime esteja cumprindo o plano de Kofi Annan", em alusão à iniciativa do mediador da crise, que se reuniu em Washington com a secretária de Estado, Hillary Clinton. O cessar-fogo - tanto da parte do governo quanto da oposição - é um dos principais pontos do plano.
Vizinhos de Mazraat al-Qubeir disseram que praticamente "todos os habitantes, com exceção de alguns poucos, morreram", de acordo com relato feito por Sausan Ghosheh, porta-voz da missão da ONU. A vila possuía 150 moradores e não havia ninguém quando os monitores chegaram.
Algumas casas haviam sido destruídas por tanques, num sinal de envolvimento do governo, pois os grupos armados da oposição não possuem esse tipo de armamento. Observadores disseram ter sentido cheiro de sangue em uma das casas. Um correspondente da BBC relatou ter visto partes de corpos espalhadas pela cidade.
Moradores dizem que forças do regime teriam retirado os corpos e outros teriam sido enterradas em vilas próximas. A missão da ONU disse não ter estimativa de quantas pessoas morreram e tampouco confirma o número de 78 mortos divulgado pela oposição.
Nos EUA, Annan afirmou que "muitos dizem que seu plano está morto. Mas o problema é o plano ou a implementação? Se for a implementação, como faremos? Se for o plano, quais opções temos?"
Annan defende ainda a criação de um grupo de contato com todos os países que podem exercer pressão sobre os lados envolvido no conflito na Síria, incluindo o Irã. Os EUA rejeitam esta possibilidade, afirmando que o regime de Teerã é parte do problema, não da solução para ele.
Nos 15 meses de levantes na Síria, mais de 10 mil pessoas foram mortas, segundo a ONU. De acordo com a Cruz Vermelha, 1,5 milhão de sírios precisam de ajuda.