O professor acredita que, no caso da vitória de Mursi, a Irmandade Muçulmana terá que negociar com outros grupos para governar. "São dois cenários. A Irmandade terá que compor com outros candidatos, inclusive seculares. Mursi deverá nomear um primeiro-ministro e dois vice-presidentes da oposição secular", acredita. Mas existe o risco de a Irmandade bater de frente com os militares. "Se ganhar o Shafiq, a transição política será mais fácil. Haverá uma concentração menor dos poderes, porque a Irmandade já controla o Parlamento", diz o professor de resolução de conflitos internacionais, Heni Ozi Cukier, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). "O Egito no momento é um país dividido meio a meio. É um cenário pior que o da Tunísia. A sociedade egípcia é maior e mais complexa que a tunisiana e tem, ao mesmo tempo, poucas instituições", diz Cukier.
Ele acredita que, vença Shafiq ou Mursi, a situação continuará turbulenta, com conflitos sectários entre os muçulmanos e a minoria cristã copta (10% da população), criminalidade alta, protestos políticos violentos e economia em declínio. "Os coptas morrem de medo da Irmandade Muçulmana. Os seculares também temem os islamitas", diz. Para Taha, o cenário pior seria uma vitória de Shafiq, não de Mursi. "A Irmandade terá o apoio dos cristãos se ela aceitar um plano de trabalho para que o Egito seja um Estado laico. Nesse caso, seria um cenário semelhante ao da Tunísia e ao da Turquia", diz Taha. "A Irmandade terá que assumir um compromisso.