São Paulo – A disputa eleitoral no Egito, que terá o segundo turno das eleições presidenciais em 16 e 17 de junho, poderá significar uma continuidade do antigo regime de Hosni Mubarak, caso vença o candidato Ahmed Shafiq, ou poderá significar uma mudança para um poder diferente, se vencer Mohammed Mursi, o candidato da Irmandade Muçulmana. O que os analistas políticos concordam é que a transição do Egito para um sistema democrático será turbulenta. Mubarak, derrubado pela revolta popular de fevereiro do ano passado, deixou a economia do país em frangalhos – o Egito é um país com 81 milhões de habitantes e uma renda per capita de US$ 2,4 mil, muito baixa até para padrões árabes.
Os grupos políticos também possuem pouca tradição de diálogo e concessões, essenciais para a construção de uma sociedade democrática e pluralista. "As dificuldades são enormes. O Egito é um país paupérrimo. Os 30 anos de Mubarak destruíram a economia", diz o professor de relações internacionais Murched Taha, do Instituto de Cultura Árabe, em São Paulo. Taha qualifica Shafiq como o candidato da junta militar, das classes dominantes e da classe média. Ele não acredita em uma vitória de Shafiq, que no primeiro turno obteve 5,5 milhões de votos (23,6% do total). "Se Shafiq vencer, o desfecho político da revolução no Egito será mais parecido com o do Iêmen: muda o presidente, mas o sistema continua o mesmo".
O professor acredita que, no caso da vitória de Mursi, a Irmandade Muçulmana terá que negociar com outros grupos para governar. "São dois cenários. A Irmandade terá que compor com outros candidatos, inclusive seculares. Mursi deverá nomear um primeiro-ministro e dois vice-presidentes da oposição secular", acredita. Mas existe o risco de a Irmandade bater de frente com os militares. "Se ganhar o Shafiq, a transição política será mais fácil. Haverá uma concentração menor dos poderes, porque a Irmandade já controla o Parlamento", diz o professor de resolução de conflitos internacionais, Heni Ozi Cukier, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). "O Egito no momento é um país dividido meio a meio. É um cenário pior que o da Tunísia. A sociedade egípcia é maior e mais complexa que a tunisiana e tem, ao mesmo tempo, poucas instituições", diz Cukier.
Ele acredita que, vença Shafiq ou Mursi, a situação continuará turbulenta, com conflitos sectários entre os muçulmanos e a minoria cristã copta (10% da população), criminalidade alta, protestos políticos violentos e economia em declínio. "Os coptas morrem de medo da Irmandade Muçulmana. Os seculares também temem os islamitas", diz. Para Taha, o cenário pior seria uma vitória de Shafiq, não de Mursi. "A Irmandade terá o apoio dos cristãos se ela aceitar um plano de trabalho para que o Egito seja um Estado laico. Nesse caso, seria um cenário semelhante ao da Tunísia e ao da Turquia", diz Taha. "A Irmandade terá que assumir um compromisso.
Os grupos políticos também possuem pouca tradição de diálogo e concessões, essenciais para a construção de uma sociedade democrática e pluralista. "As dificuldades são enormes. O Egito é um país paupérrimo. Os 30 anos de Mubarak destruíram a economia", diz o professor de relações internacionais Murched Taha, do Instituto de Cultura Árabe, em São Paulo. Taha qualifica Shafiq como o candidato da junta militar, das classes dominantes e da classe média. Ele não acredita em uma vitória de Shafiq, que no primeiro turno obteve 5,5 milhões de votos (23,6% do total). "Se Shafiq vencer, o desfecho político da revolução no Egito será mais parecido com o do Iêmen: muda o presidente, mas o sistema continua o mesmo".
O professor acredita que, no caso da vitória de Mursi, a Irmandade Muçulmana terá que negociar com outros grupos para governar. "São dois cenários. A Irmandade terá que compor com outros candidatos, inclusive seculares. Mursi deverá nomear um primeiro-ministro e dois vice-presidentes da oposição secular", acredita. Mas existe o risco de a Irmandade bater de frente com os militares. "Se ganhar o Shafiq, a transição política será mais fácil. Haverá uma concentração menor dos poderes, porque a Irmandade já controla o Parlamento", diz o professor de resolução de conflitos internacionais, Heni Ozi Cukier, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). "O Egito no momento é um país dividido meio a meio. É um cenário pior que o da Tunísia. A sociedade egípcia é maior e mais complexa que a tunisiana e tem, ao mesmo tempo, poucas instituições", diz Cukier.
Ele acredita que, vença Shafiq ou Mursi, a situação continuará turbulenta, com conflitos sectários entre os muçulmanos e a minoria cristã copta (10% da população), criminalidade alta, protestos políticos violentos e economia em declínio. "Os coptas morrem de medo da Irmandade Muçulmana. Os seculares também temem os islamitas", diz. Para Taha, o cenário pior seria uma vitória de Shafiq, não de Mursi. "A Irmandade terá o apoio dos cristãos se ela aceitar um plano de trabalho para que o Egito seja um Estado laico. Nesse caso, seria um cenário semelhante ao da Tunísia e ao da Turquia", diz Taha. "A Irmandade terá que assumir um compromisso.