O novo presidente terá, no entanto, pouca margem de manobra devido às amplas prerrogativas que o Exército assumiu no domingo.
"O presidente da República será investido de todos os poderes de um presidente da República", enfatizou Assar.
No domingo, os militares do Egito assumiram formalmente o Poder Legislativo até a eleição de um novo Parlamento, e condicionaram a realização do processo eleitoral à adoção de uma Constituição por referendo.
Essas medidas estão contidas em uma Declaração Constitucional Complementar anunciada na noite deste domingo pelo Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), no poder no Egito desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
A Câmara dos Deputados, dominada pelos islamitas, foi oficialmente dissolvida no sábado, em aplicação de uma decisão da Alta Corte Constitucional, que na quinta-feira anulou as eleições legislativas alegando vício jurídico no processo de votação realizado em várias etapas, entre novembro de 2011 e janeiro de 2012.
Em meio a tantas incertezas, os egípcios foram às urnas no sábado e no domingo para o segundo turno das eleições presidenciais para eleger entre o ex-primeiro-ministro Ahmad Shafiq e o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi.
A Irmandade Muçulmana reivindicou nesta segunda-feira a vitória de seu candidato, Mohamed Mursi, na primeira eleição presidencial organizada no país desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
"O doutor Mohamed Mursi é o primeiro presidente da República eleito pelo povo", proclamou em sua conta no Twitter o Partido da Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, presidido por Mursi.
Mursi falou pouco depois em uma coletiva de imprensa para agradecer aos que votaram nele e se comprometeu a trabalhar "de mãos dadas com os egípcios por um futuro melhor, pela liberdade, a democracia e a paz".
Também prometeu "servir a todos os egípcios", independentemente de suas crenças políticas ou religiosas.
"Não temos a intenção de nos dedicar a ajustes de contas", assegurou.
Mursi enfrentava no segundo turno da eleição, realizado no sábado e no domingo, uma figura do regime Mubarak, seu último primeiro-ministro, Ahmed Shafiq.
Segundo informações do diretor de campanha de Mursi, Ahmad Abdelati, o candidato da Irmandade Muçulmana obteve 52,5% dos votos contra 47,5% para seu rival, com quase 98% dos votos dos colégios eleitorais contabilizados e levando em conta os votos dos egípcios no exterior, que foram compilados nos últimos dias.
Mas o campo do candidato Shafiq rejeitou a vitória reivindicada pela Irmandade Muçulmana.
"Nós a rejeitamos totalmente", declarou à imprensa um integrante da campanha de Shafiq, Mahmud Barakeh.
"Estamos surpresos por este comportamento estranho, que equivale a perverter o resultado da eleição", acrescentou, afirmando que a equipe de campanha de Shafiq dispunha de números que o colocam na liderança da votação.
Já a equipe de campanha de Shafiq acusou Mursi de tentar "roubar" a vitória, alegando ter vencido as presidenciais egípcias poucas horas após o encerramento das urnas.
"É um ato de pirataria reivindicar uma vitória usando números completamente errados", declarou à imprensa Ahmed Sarhan, um dos membros da equipe de Shafiq.
"É uma vitória falsa", acrescentou Sarhan, ao afirmar que, de acordo com resultados preliminares repassados por sua equipe, Shafiq continuava "à frente dos resultados com entre 51 e 52%" dos votos.
"Em nossa opinião, Mursi agiu desta forma para poder reclamar de fraude uma vez anunciado oficialmente o resultado da eleição", disse.
Os resultados oficiais devem ser anunciados na quinta-feira pela Comissão Eleitoral.