"A integridade (da missão) permanece", prosseguiu Ladsous. O mandato da missão da ONU expira no dia 20 de julho, "então devemos pensar muito rapidamente em quais serão as opções para o futuro desta missão. E é nisto que trabalhamos", acrescentou.
O general Robert Mood, o chefe da Misnus, havia descrito anteriormente diante do Conselho a violência do qual os observadores são alvos desde a sua mobilização, ressaltando que seus veículos tinham sido alvejados por "tiros diretos" em dez oportunidades e por "tiros indiretos" centenas de vezes.
Ele considerou, entretanto, que os observadores da ONU têm "a obrigação moral" de permanecer na Síria.
Antes da reunião do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, havia manifestado o seu desejo de que os 15 membros do Conselho se unissem para fazer uma "pressão contínua" sobre o governo de Damasco para que este aplique o plano Annan.
Caso contrário, "chegará o dia em que será tarde demais para conter esta espiral" de violência, alertou, no momento em que o plano de paz do emissário internacional Kofi Annan estabelecendo um cessar-fogo e um diálogo político enfrenta um impasse.
Os ocidentais consideram o presidente Bashar al-Assad, de quem eles exigem a saída do poder, o único responsável por esta deterioração, enquanto a China e a Síria, aliadas do regime sírio, acusam também os rebeldes.
Nesta terça, durante a cúpula do G20, em Los Cabos, México, o presidente americano, Barack Obama, disse que Rússia e China entendem os riscos de uma guerra civil na Síria, mas ainda não se inclinaram a aprovar um plano para incitar o presidente Bashar al-Assad a deixar o poder.
"Eu não sugeriria que neste ponto os Estados Unidos e o restante da comunidade internacional estão alinhados com Rússia e China, mas acredito que eles reconhecem os graves perigos de uma guerra civil aberta", acrescentou Obama.
Já o presidente francês, François Hollande, afirmou que a Rússia está "fazendo o seu papel para permitir a transição" na Síria, que implicaria uma saída do poder de Bashar al-Assad.
"Devemos reforçar a pressão das sanções e conceder uma missão aos observadores diferente de que têm hoje", afirmou o presidente francês.
No terreno, a revolta na Síria se militarizou frente a uma repressão brutal. Em 15 meses de revolta, mais de 14.400 pessoas morreram, em sua maioria civis, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Nesta terça, 37 pessoas morreram em episódios de violência, de acordo com o OSDH.
As tropas bombardeiam há vários dias de cidades fortemente defendidas pelos rebeldes, principalmente em Homs (centro), na tentativa de retomar essa cidade.
Violência incessante Na cidade de Homs, combates foram travados no bairro de Baba Amr, retomado em março pelo Exército, indicou o OSDH, indicando uma "explosão ocorrida em um oleoduto que atravessa esta região".
Além disso, "mais de 1.000 famílias são impedidas de deixar suas casas".
As autoridades de Damasco afirmaram que haviam tentado em vão auxiliar os civis "cercados pelos grupos terroristas".
No Conselho de Segurança da ONU, o general Mood assegurou que a Misnus tenta negociar um cessar-fogo nessa cidade.
Mais ao norte, em Hama, segunda-feira maior do país, o bairro de Arba¯n foi bombardeado pelas forças do governo, enquanto uma forte explosão sacudiu a zona de Andalous.
Enquanto isso, Rastan, na província de Homs, foi novamente alvo de violentos bombardeios, indicaram o OSDH e militantes.
Na província de Deir Ezzor (leste), um oleoduto também foi danificado pela explosão de uma bomba, indicou a ONG, em uma ação atribuída pela agência oficial Sana a "um grupo terrorista".