A decisão de mandar os ministros das Relações Exteriores foi tomada na quinta-feira logo cedo em Brasília, quando a maioria dos chefes de Estado ainda estavam presentes. Dilma contou que só o presidente chileno foi consultado por telefone. E expôs o móvito da presença dos chanceleres: "É óbvio que a tentativa é criar um ambiente que viabilize uma solução menos traumática para a democracia, na medida em que o presidente Lugo tem mais 8 ou 9 meses de mandato. Isso não pode ser irrelevante. Assim sendo, para todos nós seria importante uma solução negociada, ou uma solução que respeitasse o direito de defesa. Obviamente, não temos poderes ilimitados", afirmou, meio que antevendo o que estava por vir.
"O que o protocolo prevê é, caso os países considerem que houve alguma falha nesse processo, algum processo de ruptura da ordem ou ruptura democrática ou que seja, o que o protocolo prevê é sanção na representação dos órgãos bilaterais. Isso não está decidido e nem foi inteiramente discutido", disse Dilma. Um dos pontos que a presidente fez questão de frisar e que torna a situação ainda mais complicada, na visão de Dilma, é o fato de Lugo ser presidente pró-tempore da Unasul. "Portanto, a situação é um tanto mais constrangedora, porque, além de integrante da Unasul é o presidente", disse Dilma.
ESPERANÇA
Uma hora antes de o impeachment ser formalizado pelo Parlamento paraguaio, Dilma dizia ainda ter esperanças de que o gesto formal da presença da maioria dos chanceleres traria alguma solução. "Os países são diferentes, têm posições diferentes e tiveram a capacidade de agir rápido. É uma grande garantia de que a América Latina evoluiu e consegue por si mesma acompanhar os eventos. Estão lá 12 (representantes de países-membros da Unasul), numa posição sóbria, não fazendo pressão ou discursos ideológicos para ninguém. É uma presença simbólica importante para garantir o direito de defesa o mais amplo possível", afirmou.
Enquanto Dilma falava, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, acompanhava tudo em tempo real e informava à presidente. Ela entrou no plenário da ONU já ciente da situação. No entanto, não se referiu ao impeachment durante o discurso de encerramento da Rio%2b20.