A incerteza e o medo sobre o futuro do Paraguai se refletiram nas ruas de Assunção, capital do país, nas últimas horas. O comércio fechou as portas, as escolas suspenderam as aulas e poucas pessoas ousaram sair às ruas. Os motoristas de táxi só aceitavam viagens aos locais distantes das manifestações. Porém, quem decidiu enfrentar os obstáculos dos policiais e o frio optou por protestos pacíficos durante a noite de ontem e a madrugada deste sábado.
Em Assunção ontem (22), depois do enfrentamento entre policiais e manifestantes nas praças em frente ao Congresso Nacional e ao palácio do governo, poucas pessoas continuaram nas ruas. Algumass pintaram as cores da Bandeira do Paraguai no rosto – branco, azul e vermelho – e outras mais discretos optaram por protestos pacíficos.
Professor de uma escola rural, Francisco Lescano acompanhou, da praça em frente ao Congresso Nacional, as últimas horas de discussão sobre o futuro do então presidente Fernando Lugo. “É um golpe não só para o Lugo. É um prejuízo para o Paraguai. É um retrocesso, pois quebrou-se a convivência democrática”, disse.
Para a líder juvenil da cidade de Mariano, Laura Ferrera, a substituição de Lugo por Federico Franco representa uma ameaça à democracia e à participação popular no processo político do Paraguai. Segundo ela, a Constituição do país permite o processo de juízo, como chamam, equivalente ao impeachment, mas a forma como foi conduzido é que levanta suspeitas.
“Houve manobra política no processo.Foi tudo muito rápido. Em menos de 24 horas, resolveram o assunto. O povo paraguaio elegeu Lugo. Sou paraguaia e temos o direito de eleger o nosso presidente”, disse a líder.
Com a Bandeira do Paraguai amarrada ao pesçoço, o funcionário público Bruno Equez defendeu que a população paraguaia reaja à destituição de Lugo de forma pacífica, mas organizada. “Acho que deveria ter uma resistência cidadão e uma desobediência, por exemplo, deixando de pagar impostos. A maioria da população está indignada com essa situação”, disse.