"Ao contrário do que ocorreu no Brasil, durante o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor (1992), no Paraguai o presidente não é afastado de suas funções quando a ação tem início. Lugo continuou chefe das forças armadas depois da autorização para que o Senado o processasse. Ele poderia ter atropelado o Congresso para impedir a decisão dos senadores", continuou Carrizosa, que é o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado paraguaio.
Já o presidente da Comissão Constitucional do Senado, Miguel Saguier, disse que o processo de impeachment foi legal. Para ele a celeridade ocorreu porque havia o risco de que, ainda à frente do governo, e pressionado por Chávez e pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner, Lugo utilizasse as forças armadas para impedir a reunião dos senadores que decidiria o impeachment. "Corríamos o risco de ter dois presidentes: Lugo e Chávez".
Os três parlamentares paraguaios rejeitaram qualquer comparação do processo de afastamento de Fernando Lugo com o golpe que depôs Manuel Zelaya (junho de 2009), em Honduras. "Lá, sequestraram o presidente, que estava de pijamas, e o mandaram para outro país. Quem assumiu o governo foi o presidente da Câmara. No Paraguai, o vice-presidente assumiu o governo depois da saída de Lugo. Ele também foi eleito. Se tem alguma semelhança, é com o processo brasileiro", disse o senador Carrizosa.
Acompanhados de representantes da embaixada do Paraguai no Brasil, os congressistas paraguaios almoçaram com uma comissão da Frente Parlamentar da Agricultura, que representa cerca de 230 parlamentares brasileiros.