Jornal Estado de Minas

Morre bebê que foi levado até La Paz em marcha de protesto indígena

AFP
Indígenas durante protesto em La Paz, os pais da criança foram criticados por carregar uma menina para a longa marcha até a capital - Foto: JORGE BERNAL / AFP
Um bebê indígena de seis meses, que participou junto com seus pais da marcha contra a construção de uma estrada em um parque ecológico, faleceu na madrugada desta quinta-feira, informaram à imprensa os familiares da vítima.
"Estava resfriada, muito resfriada", disse à AFP o tio da menina, Marcial Fabricano, que explicou ter recebido críticas de que a marcha não era composta por habitantes do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS), razão pela qual eles resolveram participar na linha de frente do grupo.

Como "vinham nos dizendo que não havia moradores do TIPNIS na marcha, ontem a colocamos na primeira parte da coluna da marcha" e lá as bombas de gás que a polícia lançou sobre os indígenas que pretendiam entrar na Praça de Armas podem tê-la afetado, disse. "Não estamos culpando ninguém, mas teve algo a ver", disse Fabricano.

Uma integrante da família, que não quis se identificar, declarou à rede de televisão Uno que a menina "estava com tosse, seu peito doía e sua garganta não a deixava engolir. Sua mãe já havia levado para ser atendida e estavam dando remédios, que não surtiam efeito".

A ministra da Comunicação, Amanda Dávila, expressou condolências em nome do governo, mas criticou a presença de crianças na marcha: "Não se pode utilizar as crianças como instrumentos, como armas de uma política que compromete os pais. Deixemos de usar as crianças nesta guerra, que é uma guerra política", disse a autoridade.

A bebê, Yeseni Karen Fabricano, foi levada com urgência ao Hospital da Criança, onde sua morte foi confirmada, aparentemente devido a uma infecção, que teria se agravado pela altitude e pelo frio de La Paz, embora até agora não tenha sido divulgado o relatório oficial do médico legista.