Segundo Annan, "cabe ao povo da Síria chegar a um acordo político. O trabalho duro começa agora. Precisamos trabalhar juntos para implementar o que ficou acertado". A Rússia, principal aliado da Síria, se recusou a apoiar um documento que defendesse a destituição de Assad.
Já os EUA recuaram de sua exigência de que o presidente sírio fosse destituído, na esperança de encorajar a Rússia a pressionar seu aliado a suspender as operações militares que, na estimativa da oposição síria, deixaram 14 mil mortos em pouco menos de um ano e meio de violência.
"Não tenho dúvida de que os sírios, que lutaram tão duramente para ter independência, vão escolher para um novo governo pessoas que têm sangue nas mãos", disse o enviado especial da ONU.
Antes do início da conferência, Annan havia advertido os membros permanentes do Conselho de segurança da ONU (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) de que o fracasso do encontro poderia levar a uma crise internacional de "grave severidade", com risco de a violência se espalhar para outros países da região e de abrir uma nova frente para organizações terroristas.
"A História é um juiz severo e vai nos julgar a todos com severidade se nos mostrarmos incapazes de tomar o caminho correto hoje", disse Annan na abertura da conferência. Além dos membros do Conselho de Segurança, participaram do encontro representantes da Turquia, de alguns países europeus e da Liga Árabe.
Dois países de grande influência na região, a Arábia Saudita e o Irã, não foram convidados para a conferência - os sauditas ficaram fora por causa de objeções da Rússia e o Irã devido à oposição dos EUA.
O rascunho do texto-base da conferência propunha o estabelecimento na Síria de um governo provisório de unidade nacional, com plenos poderes, que incluiria integrantes do governo Assad e da oposição, além de outros grupos. Esse governo provisório seria responsável por supervisionar a elaboração de uma nova Constituição e a realização de eleições democráticas.
"O que queremos é interromper o derramamento de sangue na Síria. Se isso vier por meio de diálogo político, estamos dispostos a isso", disse Khalid Saleh, porta-voz do Conselho Nacional Sírio, de oposição ao governo Assad. Ele ressalvou: "Não estamos dispostos a negociar com Assad e com aqueles que assassinaram sírios. Não vamos negociar, a não ser que eles deixem a Síria".