Os mexicanos foram às urnas neste domingo sob um forte esquema de segurança devido à violência do narcotráfico e a temores de fraudes, em eleições que definirão se o PRI voltará ao governo 12 anos depois de ter perdido o poder após polêmicas administrações ao longo de sete décadas.
"Votei esperando que meu voto seja respeitado, porque que há pessoas que fazem trapaças. Espero que a violência tenha fim para vivermos e trabalharmos tranquilamente", disse à AFP Luis Sevilla, de 26 anos, que vende comida em um mercado do centro da capital.
O candidato do opositor Partido Revolucionário Institucional (PRI), Enrique Peña Nieto, que aparece como claro favorito em todas as pesquisas, com até 17 pontos de vantagem sobre o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, e mais de 20 sobre a governista Josefina Vázquez Mota, do conservador Ação Nacional (PAN).
A volta do velho PRI Cercado por centenas de seguidores, em seu povoado natal Atlacumulco, no subúrbio da capital mexicana, um sorridente Peña Nieto disse entre flashes das câmeras, com ares de vitorioso, que espera "que o povo do México seja o vencedor".
Impulsionado pela máquina do PRI e favorecido por seu jeito de galã de telenovela, Peña Nieto, advogado de 45 anos, prometeu um "governo eficaz" que proporcione segurança e crescimento econômico, em um país assolado pela violência e pela pobreza, que aflige 47% dos 112 milhões de mexicanos.
Seu principal adversário, López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México de 58 anos, que votou no sul da Cidade do México, pediu uma participação massiva: "É a única arma que os cidadãos têm para conseguir a mudança".
Criticado pela violência desencadeada pela ofensiva contra as drogas de Calderón, o PAN deve sofrer uma grande derrota, com uma candidata que não conseguiu se livrar da imagem de "continuidade", mesmo prometendo ser "diferente".
Sob ameaça Helicópteros e policiais vigiam os centros de votação e instituições estratégicas da populosa Cidade do México, onde também será eleito seu poderoso prefeito.
Militares patrulham as regiões mais violentas, como Tamaulipas, Veracruz, Nuevo León e Guerrero, onde atuam poderosos cartéis, como Los Zetas e o de Sinaloa, que disputam o controle das rotas das drogas.
"A segurança é o mais importante, foi o que determinou o meu voto", disse à AFP Gabriel González, um professor de 49 anos, em Monterrey -capital de Nuevo León, próximo de um quartel da polícia, fechado depois de ter sido atacado a tiros e com uma granada no início do ano.
Apesar do esquema montado, duas pessoas foram assassinadas neste domingo em um ataque a um posto de combustíveis perto de um centro eleitoral no estado de Veracruz, embora o governo da região tenha negado qualquer relação do fato com as eleições.
"Um grupo de indivíduos atacou um posto de combustíveis em San Vicente", em Veracruz, e "assassinou duas pessoas", disse à imprensa Antonio Ignacio Manjarrez, membro do Instituto Eleitoral de Veracruz.
Apesar das ameaças que pairam sobre o processo, Leonardo Valdés, presidente do Instituto Federal Eleitoral (IFE) prometeu "a festa democrática mais limpa e imparcial".
O movimento universitário "#YoSoy132", que acusa a imprensa, principalmente a gigante Televisa, de promover Peña Nieto, organizou protestos no sábado para exigir eleições limpas.
As urnas serão fechadas às 18h00 locais (20h00 de Brasília), e as pesquisas de boca-de-urna serão divulgadas a partir das 20h00 (23h00 de Brasília). O IFE anunciará os resultados de uma amostra representativa da votação às 23h45 locais (01h45 de Brasília).