A entrada da Venezuela no Mercosul dependia da ratificação do Senado paraguaio, após sua aprovação pelos legislativos de Brasil, Argentina e Uruguai.
"Para nós este não era o momento (de aceitar a Venezuela) e nem as circunstâncias, e temos restrições jurídicas, políticas e éticas a este respeito, as quais manifestamos durante as negociações" entre os chanceleres em Mendoza, revelou Almagro.
"Nestes termos e nestas condições (...) fui claramente contra o que foi feito" em relação ao ingresso da Venezuela.
O chanceler destacou que o ingresso da Venezuela foi resolvido em um encontro privado entre os presidentes Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai), mas que a iniciativa foi fundamentalmente brasileira. O posicionamento do Brasil "foi decisivo nesta história".
"Não sabemos qual foi o argumento do Brasil nesta história, o presidente (Mujica) não me contou", disse Almagro, recordando que quando a presidente Kirchner anunciou o acordo sobre a Venezuela, ele se retirou da sala e Mujica cedeu seu lugar ao embaixador uruguaio na Argentina, Guillermo Pomi, para se sentar na segunda fila.
"Não estava de acordo com isto e sigo rejeitando esta decisão. Não estamos muito contentes", destacou Almagro, que "tem as mesmas objeções sobre a legalidade do procedimento".
"Vamos entregar isto aos serviços jurídicos do ministério para analisar novamente a legalidade desta medida. Para mim, a última palavra não foi dada sobre este tema. É preciso agir de acordo com o Tratado de Assunção e com a legislação vigente...".
Finalmente, Almagro explicou que o Uruguai optou por não exercer seu poder de veto para não "bloquear a maioria".
Os vários partidos da oposição uruguaia acusam Brasil, Argentina e Uruguai de aplicar um "golpe de Estado" no Mercosul ao decidir a suspensão do Paraguai e o ingresso da Venezuela.
O Mercosul foi constituído em 1991 pelo Tratado de Assunção entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.