O novo presidente do Egito, Mohamed Morsi, ordenou ontem que o Parlamento liderado por islâmicos, que fora dissolvido a mando dos generais que governavam o país, volte a legislar até que outro possa ser eleito, desafiando a autoridade dos militares que destituíram o Congresso com base numa decisão judicial. Morsi assumiu o poder em 30 de junho, tendo herdado o posto dos generais que governaram o Egito interinamente desde a queda de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro de 2011. Mas, pouco antes de assumir, o Exército retirou alguns poderes presidenciais e deu a si mesmo um papel legislativo. A decisão de Morsi remove esses poderes legislativos do Exército e os entrega ao Parlamento, dominado pelo partido da Irmandade Muçulmana, o mesmo do presidente, e seus aliados, disseram especialistas.
A Suprema Corte Constitucional ordenou a dissolução da Câmara dos Deputados em 14 de junho, após encontrar falhas no processo eleitoral. Os generais implementaram a decisão dois dias depois e, em seguida, emitiram um decreto delimitando os poderes presidenciais em 17 de junho, antes mesmo da contagem dos votos da eleição para o cargo. A Irmandade entrou com um processo em outro tribunal para contestar a decisão de dissolver o Parlamento, argumentando que tal decisão só poderia ter sido tomada com consentimento popular.
Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, convidou Morsi a visitar Washington em setembro, mostrando a nova ligação que seu governo está cultivando com os líderes islâmicos.