Assim como quando perdeu as eleições de 2006, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador %u2013 candidato derrotado no pleito presidencial deste ano %u2013 não reconheceu a vitória de Enrique Peña Nieto e afirmou que, até quinta-feira, deve entrar na Justiça com um processo de impugnação da votação. "Às 18h de quinta-feira, segundo os termos da lei, tomaremos uma posição definitiva", disse o candidato, um dia após o Instituto Federal Eleitoral (IFE) concluir a recontagem de votos para presidente, senadores e deputados eleitos pela população no dia 1º. López Obrador acusa o Partido Revolucionário Institucional (PRI), de Peña Nieto, de ter comprado 5 milhões de votos. "O certo é que a eleição não foi limpa", declarou, durante entrevista coletiva. O político prometeu reunir provas para comprovar suas denúncias.
O Tribunal Eleitoral, que valida as eleições e declara quem é o mandatário eleito, receberá as contestações do processo até a meia-noite de quinta-feira e deverá respondê-las até 6 de setembro. O atual chefe de Estado, Felipe Calderón, se mostrou incomodado com a denúncia de compra de votos por parte do PRI. Em entrevista à Radio Mil, ele considerou a prática inaceitável e, apesar de acreditar que os resultados eleitorais serão preservados, defendeu a investigação.
Para Rafael Loyola Díaz, professor do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), López Obrador buscará as instâncias judiciais para deixar claras as confusões eleitorais do México. "Ele vai jogar com os acontecimentos para ver quão longe pode chegar. A confrontação de seis anos atrás pesou muito contra o esquerdista, sobretudo a tomada da Avenida de Reforma (em protesto pelo não-reconhecimento da vitória de Calderón", comentou. O analista disse que López Obrador recorrerá ao Tribunal Eleitoral a fim de medir o nível de descontentamento popular.
LEGITIMIDADE Segundo Gustavo Madero Muñoz, presidente do Partido Ação Nacional (PAN), do atual chefe de Estado, as denúncias contra Peña Nieto fazem com que ele não tenha legitimidade suficiente para governar. "Se Peña Nieto ganhar, ele tem a legalidade para ser presidente da República. Mas não terá legitimidade, devido aos questionamentos que surgem em torno das eleições", advertiu, citado pelo jornal mexicano Vanguardia. Díaz concorda: "O candidato do PRI não vai chegar ao poder com o apoio popular e a festa que queria".