Visão aérea mostra acampamento onde os funcionários vivem - Foto: Murray Sanders/Daily Mail/Reprodução
A promessa de ganhar dinheiro com as novas vagas de emprego geradas pelas olimpíadas levaram milhares de imigrantes a Londres. Quando alguns deles foram contratados pela empresa Locog, responsável pela limpeza das instalações olímpicas, acharam que o sonho se tornaria realidade. A estadia na capital britânica, contudo, tem revelado mais semelhança com um pesadelo, devido às condições às quais os assalariados foram submetidos. Acomodados em um acampamento improvisado, dentro de contêineres, eles sofrem com a falta de infra-estrutura e as más condições de higiene. Os quartos são divididos por 10 trabalhadores, há apenas um chuveiro para cada grupo de 75 pessoas e um vaso sanitário para cada 25. Como se não bastasse, cada funcionário que vive nas cabines tem que pagar aluguel à companhia, no valor de aproximadamente R$ 57 por dia.
Moradias são improvisadas e têm infiltrações - Foto: Murray Sanders/Daily Mail/ReproduçãoA situação dos trabalhadores da empresa de limpeza piorou nos últimos dias, devido às fortes chuvas que caíram sobre Londres. Vários contêineres apresentaram goteiras e infiltrações. Do lado de fora, a lama tomou conta das ruas improvisadas do acampamento, trazendo grandes dificuldades de locomoção aos trabalhadores. No ato da contratação, os funcionários assinam um termo que proíbe contatos com a imprensa e o recebimento de visitantes dentro do acampamento.
As leis de habitação britânicas estabelecem o máximo de dois residentes por habitação e cinco chuveiros e cinco vasos sanitários para cada grupo de 100 pessoas. O acampamento, contudo, teve a aprovação do conselho municipal de Londres, sob o argumento de que as instalações seriam temporárias, mesmo após funcionários da saúde britânica considerarem que os sanitários eram inadequados e que os quartos ficariam superlotados.
Relatos de pessoas que tiveram acesso ao acampamento confirmam a falta de infraestrutura. A estudante espanhola Andrea Murnoz, de 21, recusou o emprego na companhia devido às condições das moradias improvisadas: "Quando vi os portões de metal e a torre na entrada, lembrei de um campo de prisioneiros. Não podia acreditar nos locais onde as pessoas dormiam. Era horrível", relatou ao jornal Daily Mail. Um empregado húngaro, que não quis se identificar, disse à mesma publicação que "os banheiros estão constantemente sujos e o espaço é muito pequeno".
A Locog nega as más condições no acampamento e afirma que as instalações são adequadas. A empresa diz que está trabalhando para solucionar os problemas causados pelas chuvas, ressaltando que os funcionários dispõem de internet e serviços médicos. Craig Lovett, responsável pelo acampamento, afirmou que a empresa mantém canais de comunicação com os trabalhadores e que está aberta a receber reclamações. "Aqui não é uma prisão, ninguém é obrigado a ficar. Muitos dos nossos funcionários vieram de áreas onde o desemprego é extremamente elevado e são muito felizes em trabalhar nos Jogos", declarou ao ao Daily Mail .
Habitações são superlotadas e não tem acomodações adequadas para os objetos dos trabalhadores - Foto: Murray Sanders/Daily Mail/Reprodução