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Estado de Minas

Cenário de guerra em bairro de Damasco reconquistado pelo Exército sírio


postado em 20/07/2012 20:29

Os corpos de três rebeldes sírios estão estendidos no chão ensanguentados perto de uma caminhonete equipada com uma metralhadora pesada e de um veículo com um lança-foguetes na Praça Asajane do bairro de Midan, em Damasco, reconquistado esta madrugada pelo Exército. Foi nesse local que ocorreram os combates mais intensos contra os rebeldes, aponta um militar. Uma fumaça negra ainda sai de vários apartamentos completamente destruídos. Nas paredes, os insurgentes deixaram escritos seus lemas: "Homs é forte, Deir Ezzor sangra", ou "Não nos ajoelharemos". Na entrada de uma casa pode ser lido: "Comitê de coordenação de Midan". Nesta sexta-feira, pela primeira vez, os militares levaram os jornalistas para este bairro popular do sul de Damasco a bordo de dois veículos de tropas blindados. A batalha entre os rebeldes e o Exército leal ao presidente Bashar al-Assad foi violenta: a calçada está coberta por balas de todos os calibres imagináveis, o minarete da mesquita de Al-Majid perfurado e o ar cheira a pólvora.

Em frente a essa mesquita, de onde partiam todas as sextas-feiras as manifestações contra o regime, há dois tanques estacionados.A horta ao lado ficou reduzida a terra, onde os tomates, cebolas e batatas queimam sob um sol abrasador. O comércio está fechado e os militares parecem ter apagado a palavra "greve". Lojas foram saqueadas e há a impressão de que os comerciantes saíram às pressas, sem ao menos ter tempo de fechar seus estabelecimentos. Os vidros quebrados enchem as ruas, onde as fachadas dos edifícios estão marcadas por balas ou perfuradas por morteiros. Neste bairro fantasma, reina um silêncio sepulcral, ocasionalmente quebrado por disparos de armas automáticas. "Restam alguns franco-atiradores emboscados que vamos retirar", garante um militar. Soldados, com seus coletes a prova de balas, estão sentados em frente a uma barbearia. Um deles explica que a ação foi obra das forças especiais e da Guarda Republicana, as unidades de elite. A televisão estatal anunciou nesta sexta-feira que o bairro havia sido "limpo". "Nossas corajosas Forças Armadas limparam completamente a região de Midan, em Damasco, dos terroristas mercenários que restavam e restabeleceram a segurança", dizia a emissora, enquanto o exército promovia uma ofensiva nos bairros rebeldes de Damasco. A televisão dá, pouco depois, a palavra aos soldados: "Limpamos Midan desses canalhas", exclama um deles. "Temos o moral muito alto, vamos devolver a esperança à Síria", gritou outro, enquanto um de seus companheiros ameaça americanos e ocidentais, dizendo que "não podem se apoderar de nenhuma parte da Síria". Segundo um oficial que não quis se identificar, "elementos armados entraram no bairro, atacaram os habitantes, que nos chamaram pedindo ajuda". "Começamos a reconquista anteontem (quarta-feira) à noite e terminamos nosso trabalho na sexta-feira de madrugada", concluiu. Na rua, um ônibus batido contra um semáforo, enquanto um micro-ônibus ficou completamente destruído após ter sido atingido por um foguete antitanque. Alguns apartamentos parecem ter sido ocupados pelos rebeldes e, de alguns deles, emana um forte cheiro de sangue. Os rebeldes perfuraram as paredes para poder passar de uma casa para outra, evitando a rua e os atiradores. A televisão divulgou, com música marcial, imagens de prisioneiros algemados, agachados, cabeça contra a parede, assim como de depósitos de armas: kalashnikovs, metralhadoras pesadas e lança-mísseis. De acordo com um opositor em Damasco, Ahmed Midani, "o Exército Sírio Livre abandonou o bairro na madrugada devido à intensidade dos bombardeios". "Os rebeldes levaram 200 civis, mulheres e crianças, para evitar que fossem agredidos ou mortos", contou Midani. "As buscas nas casas e as prisões continuam".


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