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Estado de Minas

Damasco ameaça usar armas químicas em caso de intervenção estrangeira


postado em 23/07/2012 19:01

Rebeldes já ocuparam várias cidades e avançam em direção a Damasco(foto: ADEM ALTAN / AFP)
Rebeldes já ocuparam várias cidades e avançam em direção a Damasco (foto: ADEM ALTAN / AFP)

O regime sírio reconheceu pela primeira vez que possui armas químicas e ameaçou utilizá-las em caso de intervenção militar estrangeira, mas nunca contra a sua população, o que provocou a reação internacional.

Enquanto isso, o Exército parece ter retomado o controle da maior parte de Damasco, após uma semana de intensos combates, enquanto os rebeldes adotam uma estratégia de cerco.

A Síria rejeitou a proposta da Liga Árabe de uma saída negociada do presidente Bashar al-Assad para acabar com a violência, que já causou mais de 19.000 mortes em 16 meses de revolta.

Com a escalada da violência, que deixou mais 54 vítimas em todo o país, o presidente russo Vladimir Putin, aliado de Damasco, alertou para a possibilidade de uma guerra civil de longa duração na Síria caso Assad seja destituído do poder de maneira "inconstitucional".

A comunidade internacional, incapaz de chegar a um acordo comum, reforçou suas sanções e o controle do embargo à venda de armas. Os esforços poderão ficar concentrados em retirar seus cidadãos da Síria "se a situação se deteriorar ainda mais".

Reconhecendo pela primeira vez que possui um arsenal químico, o porta-voz sírio das Relações Exteriores, Jihad Makdessi, advertiu que essas armas não-convencionais "estão armazenadas e protegidas sob a supervisão das Forças Armadas (...) e serão utilizadas apenas em caso de agressão estrangeira".

Mas Makdessi assegurou, durante uma coletiva de imprensa em Damasco, que "nunca, nunca serão usadas contra os nossos cidadãos, independentemente da evolução da crise".

Condenações internacionais

Posteriormente, o ministério emitiu um comunicado tentando amenizar as palavras do porta-voz, argumentando que "é natural que essas armas, se existirem, sejam armazenadas e protegidas".

As condenações internacionais foram imediatas.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu que o regime de Assad cometeria um "erro trágico" e o responsabilizou pela segurança das armas químicas. Para o Pentágono, os sírios "não devem sequer pensar por um segundo usar armas químicas".

Berlim descreveu a ameaça de "monstruosa" e Londres considerou como "inaceitável".

O chefe da ONU, Ban Ki-moon, declarou que o uso de armas químicas pela Síria seria "censurável". Israel, entretanto, alertou que não poderá "aceitar" que as armas químicas caiam nas mãos do Hezbollah, aliado do regime sírio.

Mas para o líder do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, Abdel Basset Sayda, "um regime que massacra crianças e que estupra mulheres, também pode usar armas químicas". Ele pediu que a comunidade internacional intervenha para impedir esta possibilidade.

Após uma semana de intensos combates em Damasco, rebeldes do interior e autoridades confirmaram que o Exército havia recuperado o controle de grande parte da capital Damasco.

"Infelizmente, o regime militar assumiu o controle de quase a toda a capital", disse à AFP um dos opositores, lembrando que os confrontos continuavam no sul de Damasco.

As operações militares estão resumidas "a buscas de terroristas escondidos", segundo fontes da segurança.

Bombardeio de Aleppo, morteiro sobre as Colinas de Golã

Em Damasco, palco de combates diários, as execuções se multiplicam. Ao menos 23 pessoas foram executadas sumariamente no domingo pelas forças do regime, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A Anistia Internacional pediu que os protagonistas do confronto poupem os civis, enquanto a organização War Child acusou a comunidade internacional de não proteger as crianças, vítimas diretas do conflito.

Em Aleppo, segunda cidade do país, os combates prosseguem, com um "grande movimento de êxodo", segundo o OSDH.

No início da noite, um membro do conselho militar rebelde afirmou que os insurgentes libertaram vários bairros de Aleppo. "É a primeira etapa da libertação da cidade", declarou o coronel Abdel Jabbar al-Oqaidi à AFP via Skype.

Ele ressaltou, contudo, que intensos combates continuam na periferia desses bairros e que tanques e helicópteros do regime bombardeiam e metralham a partir do exterior.

Após o lançamento das "batalhas de libertação" de Damasco e Aleppo pela rebelião, o CNS afirmou que o regime "vacila", mas "não vai se entregar facilmente".

Na região de Homs (centro), um helicóptero metralhou a cidade de Boueida, destruindo várias casas, segundo um correspondente da AFP.

Um morteiro disparado durante o conflito caiu a 400 metros da fronteira com Israel, nas Colinas de Golã, um incidente que pode aumentar ainda mais a tensão entre os governos israelense e sírio.


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