De acordo com a legislação romena, a participação mínima exigida para que este referendo fosse validado pela Corte Constitucional era de 50% dos eleitores registrados.
Entre os romenos que compareceram às urnas, no entanto, uma esmagadora maioria de 87,55% votou a favor da destituição de Basescu, que teve apenas 11,12% de apoio, segundo os resultados anunciados pelo Comitê Central Eleitoral.
A possível invalidação do referendo permite prever a persistência da agitada coexistência entre o presidente de centro-direita e a União Social Liberal (USL, maioria de centro-esquerda) dirigida pelo primeiro-ministro Victor Ponta, afirmam os analistas.
"Do ponto de vista político, Traian Basescu já não existe, foi destituído, foi destituído", declarou Ponta, evocando uma "ruptura entre Basescu e o povo".
Depois de assegurar que deseja estimular a "reconciliação" na sociedade romena e que compreende a revolta dos que votaram por sua destituição, Basescu destacou que será um "associado da USL, para que seus dirigentes compreendam a lição dada pelos romenos".
A tentativa da USL para destituir Basescu provocou severas críticas da União Europeia, que a definiu como "sistemáticos atentados contra o Estado de direito".
A tensão política entre Basescu e a maioria de centro-esquerda deve prosseguir nos próximos meses, segundo os diplomatas estrangeiros entrevistados pela AFP. Principalmente porque nos próximos meses o país entra em campanha para as eleições legislativas e novamente dos dois campos vão se enfrentar.
A volta de Basescu ao palácio presidencial "não acalmará a situação política, ao contrário, vai atiçar ainda mais a guerra entre os dois campos", afirmou o jornal Romania Libera, segundo o qual a invalidação do referendo "coloca os dirigentes da USL numa situação delicada", enquanto a desaprovação de Basescu por mais de 80% dos que votaram afeta sua legitimidade.
O fracasso do referendo acontece às vésperas de uma missão de avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia, que, no ano passado, concluiu com Bucareste um acordo do tipo preventivo.
"Uma prolongação de escândalo político vai custar ainda mais caro aos romenos", escreveu o jornal Ziarul, no momento em que o leu, a moeda local, já chegou a seu mmenor nível histórico, perdendo 7% de seu valor em apenas algumas semanas.