Christine Assange, mãe do fundador do Wikileaks, Julian Assange, reiterou nesta quarta-feira, durante um encontro com o presidente do Equador, Rafael Correa, o pedido de asilo feito por seu filho, que está refugiado na embaixada equatoriana em Londres à espera de uma resposta.
"O que fez foi basicamente expressar suas preocupações, suas dúvidas a respeito do que poderia acontecer com Julian Assange se for extraditado pelo governo britânico para a Suécia", afirmou o chanceler.
Assange, fundador da organização que publica na internet documentos sigilosos, está refugiado na representação diplomática equatoriana em Londres desde 19 de junho e pediu asilo político para evitar ser extraditado para a Suécia, onde é acusado de abuso sexual e estupro.
O governo do Equador anunciou que decidirá sobre este pedido de asilo uma vez que terminem os Jogos Olímpicos de Londres, em 12 de agosto.
No entanto, Patiño afirmou nesta quarta-feira que a decisão sobre o asilo para Assange se complicou devido à aparente recusa da Suécia para que o ex-hacker seja interrogado na sede da embaixada equatoriana em Londres, como pediu Quito.
"Recebemos informalmente a notícia de que o governo da Suécia teria manifestado sua rejeição em aceitar o pedido para que sejam tomadas as declarações do Julian Assange através de videoconferência", disse o chanceler.
"Se tivéssemos tido uma resposta positiva do governo sueco possivelmente teríamos tido a possibilidade de tomar outro tipo de decisão", afirmou Patiño.
"Mas, por enquanto, não vemos uma possibilidade de garantia por parte do governo sueco com relação aos direitos de liberdade que pede o senhor Assange, e então é mais complicado tomar esta decisão", afirmou, quando consultado sobre a data em que seu governo anunciará se concede ou não o asilo político.
O fundador do WikiLeaks afirma que a Suécia pode ser uma etapa prévia para sua entrega aos Estados Unidos, país onde está sendo investigado por suposta espionagem, após a difusão em seu portal de despachos confidenciais do Departamento de Estado e documentos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, razão pela qual manifesta temer a pena de morte.
O jurista espanhol Baltasar Garzón, que coordena a equipe de defesa de Assange, reiterou estes temores na quarta-feira, em declarações de Madri em que também se disse preocupado pelo estado psíquico e físico do ex-hacker.
"Entendo, como coordenador de sua defesa, que nas circunstâncias atuais não há as condições mínimas e indispensáveis para que haja um julgamento justo", disse Garzón durante coletiva com meios de comunicação internacionais.
"Entendemos que tudo isto obedece a uma intenção mais oculta, mais perversa se preferir, que é submeter o senhor Assange a um procedimento penal nos Estados Unidos que está sendo adiantado neste momento, que é secreto (...) e que obviamente está imediatamente relacionado com a atividade do senhor Assange no WikiLeaks", acrescentou,
A mãe de Assange, que chegou em 28 de julho a Quito, espera se reunir com Garzón na próxima sexta no Equador, segundo ela mesma antecipou esta quarta.
Garzón coordena uma varredura internacional sobre a reestruturação do sistema judicial do Equador. Este ex-juiz conseguiu, em outubro de 1998, a detenção na Inglaterra do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.