Jornal Estado de Minas

Desculpas de ex-ministro em repressão a indígenas gera protestos na Bolívia

AFP
As desculpas do ex-ministro do Interior da Bolívia, Sacha Llorenti, sobre a violenta repressão policial a indígenas contrários a um projeto de uma estrada na Amazônia, geraram, nesta quarta-feira, uma onda de protestos da oposição e de organizações de direitos humanos.
Llorenti "não pode apurar as responsabilidades nesses acontecimentos", disse o procurador público Rolando Villena, que afirmou a jornalistas que o Estado e a justiça "têm a obrigação de investigar e punir" uma dura ação policial para dispersar um protesto indígena, em setembro de 2011.

Em sua condição de titular do Interior, Llorenti era então responsável pela polícia boliviana, apesar de alegar, sobre esse incidente - na localidade de Chaparina (norte)- que cadeia de comando foi rompida e, portanto, se eximir das responsabilidades.

O processo judicial se concentrou na figura do general Oscar Muñoz, que está em prisão domiciliar, e do ex-vice-ministro do Interior, Marcos Farfán. Ambos negaram as acusações e alegaram inocência.

A juíza de La Paz, Betty Yañiquez, gerou protestos quando disse à imprensa local: "Tenho conhecimento de que foi rejeitada a denúncia" contra Sacha Llorenti, como as acusações contra indígenas por ter feito o chanceler David Choquehuanca de refém, como afirmou então o governo.

O líder do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS), Fernando Vargas, se disse surpreso com o caso. "Significa que agora ninguém é responsável e ninguém deu a ordem para a intervenção policial para a oitava marcha indígena em 2011", protestou.

O Movimento Sem Medo (MSM, centro-esquerda), principal força política opositora, anunciou a impugnação da resolução judicial a favor de Llorenti.

"Pelo direito, seriam impugnadas as decisões tomadas pela comissão de procuradores", disse a advogada do MSM, Aida Camacho.

Os indígenas marcharam duas vezes, em 2011 e 2012, durante dois meses, por cerca de 600 km desde a Amazônia, em oposição a uma estrada que o governo de Evo Morales insiste em construir através do território ecológico TIPNIS, de 1 milhão de hectares.