Riad Hijab, um sunita nomeado primeiro-ministro há dois anos pelo presidente Assad, de confissão alauíta, desertou com sua família e atravessou a fronteira com a Jordânia devido aos "crimes de guerra e pelo genocídio" cometidos pelo regime de Bashar al-Assad, afirmou seu porta-voz, Mohamed Otri, em Amã.
O chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão de oposição, Abdel Basset Sayda, comemorou este acontecimento que significa que "o regime se desintegra. Este é o começo do fim".
"Esta é outra indicação do fato de que Assad perdeu o controle da Síria", afirmou, por sua vez, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Hijab deve ir para o Qatar, que já é lar de diversos desertores civis. "Hijab vai para Doha, onde os meios de comunicação internacionais têm sede. Ele viajará amanhã, depois de amanhã ou nos próximos dias", declarou Otri.
Três oficiais do Exército e dois ministros também desertaram e se refugiaram na Jordânia, de acordo com um membro da oposição síria. Mas não há confirmação da saída de dois ministros, ou de suas identidades.
Segundo um membro do CNS, Khaled Zein El-Adibine, a deserção de Hijab foi coordenada pela oposição. "O Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes) ajudou-os a atravessar a fronteira", disse.
Em um comunicado, o CNS exortou "as autoridades do regime a desertarem", porque "não há mais desculpas para continuar a bordo do mesmo barco onde está este regime criminoso".
Deserções em série Pouco antes do anúncio da deserção do primeiro-ministro, a televisão estatal informou que "Riad Hijab havia sido demitido" e que Omar Ghalawanji, vice-primeiro-ministro e ministro do Governo Local, tinha sido designado para "expedir relatórios comuns".
Segundo o jornal governamental Teshreen, Hijab presidiu no domingo duas reuniões centradas "sobre as medidas para reconstruir as áreas limpas de grupos terroristas armados", termo usado pelas autoridades para designar os rebeldes da oposição.
Esta é a mais importante deserção entre os líderes do regime de Assad, desde o início da revolta, em março 2011, que se transformou em um levante armado contra a sangrenta repressão do regime.
Pessoas próximas ao regime, diplomatas e muitos generais desertaram nos últimos 16 meses.
Um general do Exército, acompanhado de cinco oficiais superiores e trinta soldados, chegou à Turquia para se juntar à oposição, informou a agência de notícias Anatolia nesta segunda-feira. Cerca de 400 civis sírios, a maioria mulheres e crianças, seguiram o grupo. No total, 31 generais sírios desertaram para a Turquia.
Domingo, três agentes da inteligência política em Damasco, incluindo dois irmãos do clã do vice-presidente sunita Farouk al-Chareh, encontraram refúgio na Jordânia, indicou à AFP o coronel Kassem Saad Eddin, porta-voz do ESL na Síria.
Ataque simbólico O anúncio da deserção de Riad Hijab aconteceu horas antes de um atentado na sede da emissora de rádio e televisão estatal em Damasco, mas que não prejudicou a transmissão de programas.
Apesar disso, este ataque tem um aspecto simbólico, por se tratar da maior difusora de propaganda do regime, além de estar localizada em um bairro super-protegido da capital.
O Exército alegou que ainda controla totalmente a capital. Mas, de acordo com OSDH, houve combates em Roukneddine, no norte de Damasco, nesta segunda-feira.
Em Aleppo, potência econômica do país, foram registrados bombardeios em vários bairros, matando oito civis e dois rebeldes, entre eles um comandante, segundo o OSDH.
Wassel Ayoub, um capitão rebelde de Salaheddine (oeste), reduto insurgente, afirmou que soldados e franco-atiradores, protegidos por um tanque, conseguiram ocupar sete ou oito edifícios e controlar duas estradas.
Outros combates também são travados nos bairros de Chaar e Hanana, de acordo com a ONG síria.
Desde o início do dia, 37 pessoas foram mortas no país, incluindo 27 civis, indicou esta organização baseada em Londres, que tira suas informações de uma rede de ativistas e testemunhas.
O CNS, acusou as forças leais a Bashar Al-Assad de "massacrar" cerca de 40 habitantes da província de Hama (centro).
Levando-se em consideração as restrições impostas pelas autoridades, é impossível verificar estes dados com fontes independentes.