A televisão pública síria mostrou o presidente durante a cerimônia de posse do novo ministro da Defesa e conversando com Jalili e com outros membros da delegação iraniana.
Assad e Jalili examinaram "as relações bilaterais entre a Síria e a República Islâmica do Irã, assim como a situação na região", indicou a televisão.
Jalili afirmou claramente que o Irã permanecerá ao lado do regime sírio diante de quem quiser quebrar a Síria, elemento fundamental da "resistência contra os Estados Unidos e Israel".
"O Irã jamais permitirá que se quebre o eixo da resistência da qual a Síria é um pilar fundamental", afirmou durante sua reunião com Assad.
"A situação na Síria não é uma crise interna, e sim um conflito do eixo da resistência nesta região" contra Israel e Estados Unidos, acrescentou Jalili.
No dia seguinte à morte de 265 pessoas em todo o país, segundo uma ONG síria, um dos dias mais violentos desde o início da contestação há mais de 16 meses, o Exército continuou a bombardear intensamente Aleppo (norte), segunda maior cidade do país e região crucial para a definição da guerra no país.
"A solução para a crise na Síria deve partir do interior deste país, por meio de um diálogo nacional, e não via intervenção de forças externas", declarou Jalili, citado pelo correspondente em Damasco do canal iraniano Al-Alam.
"O povo sírio é hostil a qualquer plano apoiado por sionistas ou pelos Estados Unidos", acrescentou Jalili.
O Irã acusa os Estados Unidos, a Arábia Saudita, o Qatar e a Turquia de ajudarem os rebeldes a derrubar o regime. Já os insurgentes e os Estados Unidos acusam o Irã de apoiar militarmente Damasco.
O destino dos reféns iranianos
Referindo-se aos 48 iranianos sequestrados sábado na província de Damasco, Jalili, que chegou ontem de manhã de Beirute, afirmou que "o Irã está usando de todos os meios para garantir a libertação imediata dos peregrinos inocente sequestrados".
Teerã garante que os prisioneiros são peregrinos, enquanto que "Brigada Al-Bara", que reivindicou a captura, garante que eles pertencem à Guarda Revolucionária, um Exército de elite do regime islâmico. De acordo com a brigada rebelde, três iranianos foram mortos durante um bombardeio das forças do regime.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, deve visitar a Turquia no final da tarde para discutir o destino dos reféns.
"Na medida em que o Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes), que afirma ter sequestrado os peregrinos, é apoiado pela Turquia, a visita do ministro serve para lembrar a responsabilidade do governo turco neste caso", disse Salehi.
O Irã afirmou que Washington também é responsável pela vida dos reféns, por causa do "apoio descarado dos Estados Unidos aos terroristas".
No terreno, a violência deixou mais 51 mortos, entre eles 30 civis, 13 soldados e oito rebeldes, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que obtém seus registros de uma rede de ativistas e testemunhas na Síria.
Intensos combates em Aleppo
O centro de Aleppo foi palco de intensos combates entre rebeldes e o Exército, que bombardeia a cidade.
O ESL atacou um edifício, onde estavam de 300 a 400 membros do Exército regular, das forças da segurança e de milícias pró-regime, mas teve que se retirar devido à intervenção de helicópteros, informou o OSDH.
De acordo com o seu líder, Rami Abdel Rahman, helicópteros e artilharia bombardearam violentamente os bairros rebeldes de Salaheddine e Soukkari (oeste e sudoeste), assim como Chaar e Sakhour (leste), o que "parece uma preparação para uma ofensiva terrestre" .
O Exército iniciou no domingo o envio de grandes reforços para Aleppo, cenário de intensos confrontos desde 20 de julho, e agora está pronto para a batalha "decisiva", disse uma fonte da segurança.
De acordo com um oficial de segurança, pelo menos 20.000 soldados estão nesta região e os rebeldes, por sua vez, contam com entre 6.000 e 8.000 homens, segundo o jornal al-Watan, próximo ao governo.
Os insurgentes dizem que metade da cidade está em seu poder e que, apesar dos bombardeios, os soldados não podem avançar no chão.
Esta nova onda de violência ocorre após a deserção do primeiro-ministro, Riad Hijab, o mais alto funcionário a romper com o regime, e no momento em que um novo general fugiu para a Turquia acompanhado de 12 oficiais, de acordo com a agência de notícias Anatolia.
Hijab, um sunita nomeado há dois meses pelo presidente de confissão alauíta, fugiu com sua família para a Jordânia por causa dos "crimes de guerra e do genocídio" cometidos pelo regime, de acordo com seu porta-voz, Mohamed Otri.
O ministro sírio da Informação, Omrane al-Zohbi, minimizou o impacto dessa deserção, dizendo que Hijab foi demitido.
Mas para Washington, estas deserções mostram que Assad perdeu o controle do país.