Os insurgentes tiveram que se retirar nesta quinta-feira do principal bairro controlado por suas forças em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria e região crucial do conflito entre a rebelião e o regime de Bashar al-Assad. O presidente sírio nomeou um novo chefe de governo para substituir Riad Hijab, que desertou esta semana.
Os rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL), entrincheirados em Aleppo (norte), potência econômica do país onde os combates começaram em 20 de julho, anunciaram que precisaram se retirar de Salaheddine devido aos bombardeios particularmente violentos das forças do governo.
"Fizemos um recuo tático de Salaheddine. Não há mais combatentes rebeldes devido a um bombardeio sem precedentes, e as forças do regime estão avançando no bairro", declarou Hussam Abu Mohammad, comandante da brigada Dera Ashahba, um componente do ESL que combate neste setor.
Wassel Ayoub, comandante da brigada Nur al-Haq do ESL, acrescentou esta noite que cinco batalhões do ESL permanecem presentes na área para facilitar a retirada completa dos combatentes.
Ele afirmou que os rebeldes têm "reforçado" a sua "linha de defesa" no leste de Salaheddine, de Soukkari, ao sul do bairro, até Bustan al-Kasr (norte), passando por Mashhad (centro).
Os bombardeios continuaram à noite contra os bairros rebeldes, disse o comandante.
A oposição convocou novas manifestações para sexta-feira, dia de orações, com o slogan "Dêem-nos armas anti-aéreas".
Uma fonte da segurança afirmou que "o Exército avança rapidamente em direção ao bairro de Seif al-Dawla, mas a próxima batalha deve ocorrer em Soukkari", mais ao sul.
"Apenas 10% dos reforços do Exército foram usados até agora na batalha", acrescentou a fonte, que já havia indicado que 20.000 soldados estavam mobilizados na região de Aleppo para este confronto crucial para o regime.
Em quase 17 meses de violência, mais de 21.000 pessoas morreram em todo o país, de acordo com Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), organização com sede na Grã-Bretanha, que também relatou 96 mortos, incluindo 37 civis, entre eles três crianças, apenas nesta quinta-feira.
Reunião em Teerã
Enquanto o fluxo de refugiados que fogem da violência cresce a cada dia, a França enviou por avião uma equipe médica militar para ajudar aqueles que estão na fronteira com a Jordânia.
As violações dos direitos Humanos e das leis humanitárias levaram "a um importante deslocamento da população na Síria", afirmou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, que fez um apelo "às autoridades sírias e às partes envolvidas no conflito para que respeitem o direito internacional".
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) estima que mais de 276.000 sírios tenham fugido da violência, refugiando-se principalmente na Jordânia, Turquia e Líbano.
Cerca de 2.200 refugiados cruzaram a fronteira com a Turquia nas últimas 24 horas, enquanto o número total neste país supera 50.000, segundo as autoridades turcas.
O regime do presidente Assad, abalado pela deserção de seu primeiro-ministro, Hijab Riad, na segunda-feira, nomeou nesta quinta o novo ministro da Saúde, Wael al-Halqi, para o cargo, anunciou a televisão síria.
Mais importante membro do governo a romper com o regime do presidente Assad, Riad Hijab juntou-se à oposição, de acordo com um porta-voz em Amã, e chegou ontem de manhã com sua família na Jordânia, de acordo com autoridades jordanianas.
No plano diplomático, o ministro do Exterior iraniano, Ali Akbar Salehi, abriu uma conferência sobre a Síria, na presença de representantes de 29 países, pedindo "um diálogo nacional entre a oposição, que tem o apoio popular, e o governo sírio", segundo a televisão estatal iraniana.
O Líbano e o Kuwait recusaram o convite, assim como Kofi Annan, o mediador que renunciou a essa função da ONU e da Liga Árabe. Os países ocidentais e a maioria dos países do Golfo, acusados por Teerã de armar os rebeldes, não haviam sido convidados.