Jornal Estado de Minas

Unasul é o único organismo internacional confirmado nas eleições venezuelanas

AFP
A União das Nações Sul-americanas (Unasul) acompanhará pela primeira vez as eleições presidenciais da Venezuela de 7 de outubro, como o único órgão internacional credenciado até agora, depois de o Centro Carter ter se negado a participar, por ter considerado "simbólico" o status de acompanhante.
O chanceler peruano, Rafael Roncagliolo, cujo país exerce a presidência temporária da União das Nações Sul-americanas (Unasul), assinou nesta quarta-feira o acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em Caracas e disse estar certo de que esta missão, a primeira do órgão regional, "será um marco".

A figura de acompanhante internacional - cuja missão é limitada a fazer recomendações sobre as eleições - foi introduzida na legislação venezuelana depois das eleições presidenciais de 2006 e será usada no lugar do observador internacional nas eleições de outubro, quando o presidente Hugo Chávez buscará o terceiro mandato frente ao opositor Henrique Capriles.

O americano Centro Carter, que enviou observadores em 2006, se recusou, esta semana, a acompanhar essas eleições ao considerar que o novo estatuto limita sua participação a "uma presença política principalmente simbólica" sem competências para "avaliar o processo eleitoral em seu conjunto de maneira sistemática".

A Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia (UE), que enviaram observadores em 2006, não foram convidadas pelo CNE para acompanhar as eleições.

A Unasul é o único organismo internacional que estará presente. Contudo, fontes do CNE explicaram à AFP que nas quase oito semanas que faltam para as eleições, poderiam ser incorporados outros entes como acompanhantes.

Segundo o órgão eleitoral, a observação está associada "aos processos de descolonização que os países africanos e asiáticos viveram a partir dos anos 60", tem una forte visão eurocêntrica e está "marcada por uma forte concepção assimétrica, de tutela e de legitimação com base nos valores próprios de quem observa".

Já Roncagliolo afirmou que a América Latina tem "uma longa, rica, valiosa e exemplar experiência" em matéria eleitoral e não precisa "aplicar padrões estrangeiros para aumentar a qualidade de (sua) democracia".

A missão da Unasul será formada por um chefe e "até quatro" membros designados pelos organismos eleitorais de cada um dos países membros, - detalha o acordo-, que não especifica, contudo, como a comitiva estará distribuída pelo território nacional.

O analista Luis Vicente León, presidente da Datanálisis, opinou que a confiança internacional nos processos eleitorais "é um pouco perdida sem as delegações sérias com experiência", apesar de isso não ter nenhum impacto nos resultados das eleições.

"As grandes testemunhas são as testemunhas de mesa das tendências políticas", disse à AFP.

Para o cientista político Farith Fraija, para "quem a garantia da transparência são os partidos políticos".

A Unasul "é um organismo internacional que atuou rapidamente em defesa da democracia como em Honduras, Paraguai e Equador", disse.

"É importante que agora se expanda neste sentido", acrescentou, se referindo ao acompanhamento das eleições.

Mais de 19 milhões de venezuelanos poderão exercer o direito ao voto no dia 7 de outubro com um novo sistema automatizado de voto com impressões digitais, considerado pelo CNE como "confiável e verificável" e que foi testado em uma simulação no começo do mês de agosto.