A Turquia disse que está investigando se outro país, possivelmente o Irã, está envolvido na explosão que matou nove pessoas perto da fronteira com a Síria no começo desta semana. O anúncio reflete a preocupação de Ancara com a expansão da guerra civil na Síria, bem como as crescentes tensões com o Irã, uma potência regional que apoia o governo do presidente sírio Bashar Assad. Além disso, rebeldes curdos sírios estariam agindo livremente no lado sírio da fronteira com a Turquia, o que é um motivo de preocupação para os turcos.
Alguns funcionários turcos afirmam que existem ligações entre o PKK, considerado organização terrorista pelo governo turco, pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos. A Turquia apoia os insurgentes sírios, quase todos muçulmanos sunitas, na guerra civil contra Assad e as relações entre Ancara e Damasco se deterioraram muito desde março de 2011.
Em entrevista exibida na emissora CNN da Turquia, o vice-primeiro-ministro turco, Bulent Arinc, sugeriu que o Irã possa ser o culpado no ataque a bomba à delegacia de polícia em Gaziantep. "Isso não tem só a ver com a Síria - conectada a isso ou limitada a isso", disse Arinc. "Pode estar relacionado a todos os elementos estrangeiros que estão no raio da nossa geografia", disse Arinc. Questionado se isso podia envolver o Irã, ele disse: "Poderia ser o Irã, poderia ser por aqui ou lá".
Nos últimos anos, a Turquia e o Irã expandiram o comercio bilateral e a Turquia passou a importar petróleo iraniano, através de um oleoduto que cruza o Azerbaijão, país com população etnicamente aparentada aos turcos. A Turquia também tentou mediar o impasse no programa nuclear iraniano, entre Teerã e os países ocidentais.
O Irã rechaçou as insinuações de Arinc, através de Hossein Naghavi, porta-voz do comitê parlamentar de política externa do Parlamento do Irã. Ele sugeriu que a Turquia colocou em risco sua segurança por causa da política que passou a desenvolver para a Síria. A Turquia já acusou Assad de armar insurgentes curdos sírios contra Ancara, e rebeldes curdos, não do PKK, mas de uma organização insurgente curda síria, o Partido da União Democrática (PYD, na sigla em curdo), controlam várias cidades perto da fronteira com a Turquia, que o exército regular sírio abandonou para se concentrar nos combates contra os rebeldes em Damasco, Alepo e Deraa.