"Eu posso confirmar que isto é trabalho dos talibãs", afirmou o porta-voz do governador da província de Helmand, Daud Ahmadi, à AFP. "Duas mulheres e 15 homens foram decapitados. Eles participavam em uma festa com música em uma área sob o controle dos talibãs".
Os talibãs eram famosos durante seu governo por execuções públicas e pela proibição de músicas e festas. Nematullah Khan, o chefe do distrito de Musa Qala, confirmou que os moradores organizaram uma festa com música, e um funcionário local disse suspeitar de que as duas mulheres dançaram.
Durante seu governo, de 1996 a 2001, no Afeganistão, os talibãs, que agora travam uma insurgência feroz contra o governo do presidente Hamid Karzai, apoiado pelo Ocidente, também tentaram deter o contato de homens e mulheres que não fossem parentes.
Os insurgentes foram acusados no passado de decapitar moradores locais, a maioria deles por acusações de espionar para as forças afegãs e para as tropas da Otan, lideradas pelos Estados Unidos.
Haji Musa Khan, um líder tribal do distrito de Musa Qala, afirmou que a região viu um surto de assassinatos deste tipo nos últimos meses. "Tivemos três pessoas decapitadas durante o mês do Ramadã. Outra pessoa, o filho de um líder tribal, foi decapitado recentemente", disse.
Khan afirmou que as mortes se seguiram a grandes operações militares realizadas pelas tropas afegãs e da Otan na região.
Horas antes das decapitações, insurgentes talibãs invadiram um posto do Exército afegão na mesma província em um ataque realizado nesta segunda-feira antes do amanhecer, matando 10 soldados, disseram autoridades.
Quatro soldados também ficaram feridos e outros seis estavam desaparecidos após o ataque no distrito de Washir, em Helmand, informou o coronel Mohammad Ismael Hotak à AFP.
O porta-voz de Helmand, Ahmadi, confirmou o incidente e disse que o ataque foi uma "conspiração interna" na qual alguns soldados do exército ajudaram os rebeldes a atacar o posto.
Se for confirmado que o ataque foi facilitado por soldados, isso marcará uma nova escalada na série de atentados internos contra forças afegãs e da Otan.
Dois soldados da Otan também foram mortos nesta segunda-feira quando um soldado do exército afegão voltou sua arma contra eles em um ataque na província de Laghman, afirmou a Força Internacional de Assistência à Segurança, Isaf, liderada pelos Estados Unidos.
"Soldados da Isaf responderam com tiros e mataram o atacante", disse a Isaf. As últimas mortes de membros da Otan aumentam o balanço de ataques internos para 12 apenas neste mês e para 42 no ano de 2012, o que representa 13% de todas as mortes de membros da Otan neste ano.
A Otan, que tem cerca de 130 mil tropas no Afeganistão, luta para conter os ataques e eles se tornaram um grande problema na guerra do Afeganistão, provocando desconfianças entre as duas forças.
Os insurgentes talibãs reivindicam a autoria de muitos dos ataques, mas a Otan aponta que eles ocorrem, em sua maioria, devido a diferenças culturais, estresse e animosidade pessoal entre as tropas afegãs e seus aliados internacionais.
O porta-voz da Isaf, general Gunter Katz, afirmou nesta segunda-feira à imprensa que os ataques não vão prejudicar a cooperação com as tropas afegãs, num momento em que a Otan se prepara a deixar o país em 2014.